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terça-feira, 25 de outubro de 2011

Salomon Igbinoghodua, rei do Benin, 1978 (etnia Edo)

No dia 23 de Março de 1979, o príncipe Salomon, um homem graduado pela Universidade de Cambridge, foi coroado Oba (rei) do Benin. Ele sucedeu seu pai Akenzua II, tornando-se o trigésimo oitavo rei de uma dinastia que data do XIII século.
"O grande giz foi quebrado", foi a metáfora usada oficialmente para anunciar a morte de Akenzua.
Logo em seguida os Edo da Nigéria, e Edos do mundo inteiro, rasparam a cabeça. O cabelo novo significaria o renascimento do reino, e o reestabelecimento da harmonia entre o homem e os elementos, que haviam sido rompidos momentaneamente com a morte.
Seu titulo é Sua Majestade Omo n'Oba n'Edo Uku Akpolokpolo Solomon Igbinoghodua Aisiokuoba Akenzua Erediauwa II.
As monarquias continuam vivas na África, apesar da implantação dos Estados pós-coloniais.
Com maior ou menor poder, e com diferente número de funções, os monarcas continuam sendo uma forte instituição tribal.
Os Obas do Benim são pessoas consagradas para esse cargo com a finalidade de controlar o Reino do Benim, um império que circunda a cidade da África Ocidental do Benim, (atual Nigéria) desde 1170 ate 1897.
Quando os portugueses e holandeses chegaram à África, o palácio de Abomé era tão grande como uma cidade europeia. Por vezes o Oba apareceria rodeado por seus guerreiros em seus capacetes de leopardo. Era um tempo em que o Benim controlava todo o sul da Nigéria e o Daomé.
Em 1897 A expedição punitiva dos britânicos destruiu a cidade do Benim exilando o Oba Ovoranmwen, tomou conta da área para estabelecer a colônia Britânica da Nigéria.
A expedição foi uma represália contra a morte de um oficial da delegação britânica. Para cobrir os gastos dessa expedição, a arte real do Benim foi leiloada pelos ingleses.
De acordo com a tradição oral, a primeira dinastia do Reino do Benim foi Ogi-Suo (Ogiso).
A segunda dinastia foi fundada por Oranmiyan, um príncipe da cidade de Ife. Seu filho Eweka I tornou-se o primeiro oba. O atual oba, Erediauwa II, é o trigésimo oitavo oba da dinastia.
O poder dos obas teve o seu auge nos durante os séculos 14 e 15 e vários reis controlaram o território que vai do rio Níger ao norte até a região litorânea ao sul.
Nesse período foi criada uma arte em bronze para ressaltar e representar o poder dos Obas. Essa arte costuma retratar os antecessores reais, como uma forma de legitimar os reis. Somente obas podiam ser representados nessas famosas cabeças de bronze do Benim.
Em 23 de março de 1979, foi comemorado o jubileu do reinado do Oba Erediauwa. Nessa ocasião os Edos também celebraram a sobrevivência e a estabilidade do seu reino.
O rei ascendeu ao trono imediatamente apos a morte do seu antecessor, Oba Akenzua II. No dia de sua coroação foram realizados os rituais de sucessão e morte ao mesmo tempo. Quando o trigésimo oitavo Oba do Benim foi coroado ele tinha por volta de 56 anos.
A transformação de um Edaiken (provável herdeiro) em um Oba (rei) foi concretizada solenemente. Toda a cidade e arredores celebraram em êxtase ao som do 'Oba ghato' okpere'.
Os céus e os deuses ecoaram ao som do Ise. O sol e a lua apareceram no céu ao mesmo tempo como sinal de aprovação celestial.
O príncipe Solomon Akenzua recebeu o titulo de Uku Akpolokpolo. Omo n'Oba N'Edo Erediauwa tornou-se assim o trigésimo oitavo Oba do Benim desde que Oba Eweka iniciou essa dinastia, por volta do século XII DC.
Esse reino antigo resultou da sua sofisticação e poder, crescendo ate tornar-se um império durante o reinado dos deuses guerreiros, Ewuare, Ozolua, Esigie e Orhogbua. Sua influência estendeu-se por todo o delta do rio Níger ate Lagos e além da atual Republica do Benim.
Erediauwa ascendeu ao trono de seus ancestrais da mesma maneira com que durante mil anos se realizaram essas sucessões. O sistema de primogenitura em que o filho mais velho sucede o seu pai. Os edos (Binis) são muito apegados a seu Oba.
Erediauwa ascendeu ao trono de seus ancestrais da mesma maneira com que durante mil anos se realizaram essas sucessões.
O sistema de primogenitura em que o filho mais velho sucede o seu pai. Os edos (Binis) são muito apegados a seu Oba.
Tanto em suas parábolas, na maneira de ser de sua herança seu folclórica, casamento, ritos funerários e mesmo em suas vidas cotidianas, que inclui o culto ao ancestral. Seu Oba esta atado por este cordão umbilical, a este inseparável complexo espiritual.
No Benim também, sempre que uma prece é proferida acompanhada por noz de cola (obi) diante de altares domésticos ou públicos, são sempre concluídas pela frase 'Oba' khato Okpere, que significa longa vida para o Oba.
Tudo isso combinado com a natureza operacional das guildas (associações) fortificou a sua tradição como instrumento funcional de administração. Sem o Oba, haveria um enorme vazio. Este foi um obstáculo para os ingleses quando o Benim esteve sob uma junta militar e seu Oba exilado impondo-se um período de interregno.
Em 1897, o exercito britânico venceu uma missão para cercear o poder militar dos Binis truncando assim o reinado de Ovonranmwen Nogbasi. Ele foi julgado e exilado em Calabar onde morreu em 1914.
Este incidente facilitou o caminho para os ingleses concluírem a ultima fase da colonização, amalgamando o norte e o sul do num único sistema administrativo criando um pais chamado Nigéria.
Antes da expedição punitiva de 1897, os ingleses tentaram varias táticas, politicas, econômicas, comerciais e mercantis dominar um império que floresceu por centenas de anos datando da era dos Ogisos.
Antes dos ingleses, o império do Benim manteve contatos diplomáticos e comerciais com os portugueses no século XV durante os reinados de Ozolua, Esigie e Orhogbua. Depois dos portugueses vieram os holandeses no século XVII
É uma longa história.

Cidade do Benim

A leste do Oyo estava o Benim dos Edos, dois estados vizinhos ligados por laços históricos comuns de origem no centro da irradiação primordial das suas tradições, no Ile-Ife, a Casa Grande da grande família dos estados yorubas.
Benim é uma das antigas capitais do reino Ioruba, que antes da chegada do colonialismo britânico deu lugar a uma forma própria de arte: os bronzes de Benim.
O Benim antigo, a leste do estado Ioruba do Oyo, foi o Daomé Agasuvi dos séculos passados, Daomé que foi colônia francesa desde a década dos 1890, Daomé, estado africano em 1960. Não estamos a falar do Benim, metamorfose deste Daomé, não o Benim conhecido até 1975 por Daomé.
Mas do Benim Ogiso, dos povos Edo, rival dos iorubas da história apesar das suas origens comuns no Ile-Ife, a Casa Grande, manancial das tradições das grandezas de Oyo.
Rei fotografado por Daniel Lainé entre 1988 e 1991