Na metade do século XVII, vários grupos Namileke fixaram-se nos pequenos vilarejos ao redor do atual Bana.
A lenda conta que um dos chefes da cidade, Mfenge, foi acusado de feitiçaria pelos outros.
Para desculpar-se, ele mandou cortar a cabeça de sua mãe para que os “especialistas" examinassem o cadáver.
O principio da feitiçaria transmitido pelo ventre materno, não foi comprovado.
Mfenge ordenou então que fossem cortadas as cabeças de outras mães.
Seus quatro filhos foram de casa em casa para levar mães e esposas para o palácio a fim de serem “examinadas".
Aquelas que resistiam foram decapitadas no próprio local. Tomados de pânico os chefes fugiram, e Mfenge tornou-se o rei de Bana.
A Sucessâo Real
Grandes personalidades reuniram-se em Bana província de Haut-Nkam, Camerun no ano de 2003. Foram os funerais de S.M. Konchupe Happi IV, falecido no inicio do ano corrente, e para a cerimonia de ascensão ao trono do seu sucessor, Sikam Happi V.
O trono tradicional de Bana é um dos mais prestigiados da província ocidental. Onde intrigas e hegemonias de todo tipo entram em jogo, a cada vez que o cetro é confiado em novas mãos.
A escolha do jovem Sikam, atual Happi V, não escapou dessas intrigas que costuma se originar nos labirintos do próprio palácio.
Para a felicidade da comunidade Bana, tanto a do território como a da diáspora, a verdade veio a triunfar.
Mesmo com a conotação politica que alguns queriam dar a essa sucessão, essa polemica ficou circunscrita a um pequeno circulo, graças à sabedoria do secretário geral adjunto da presidência da Republica, René Owona.
Na sua mensagem ao povo de bana, o novo soberano, pretendeu-se um "rei reconciliador", que entende” com a graça de Deus e o apoio de todos, dedicar-se integralmente para que Bana se reconcilie consigo mesmo, seu povo com o rei, os notáveis entre si, com seu rei e com o povo, assim como as elites".
Sikam Happi V quer reconciliar-se com seus vizinhos a oeste, e com o conjunto do povo de Camerun assim como os povos amigos.
A Coroaçâo de Sikam Happi V
De 2 a 8 de Novembro, a província de bana viveu grandes momentos de emoção de alegria e conforto.
Depois que o jovem Sikam foi recluso atendendo aos protocolos da preparação real, no dia primeiro de março para a sucessão de seu pai, toda a cidade entrou numa espécie de hibernação, até que os funerais de seu pai fossem realizados.
A cidade inteira entrou em recesso, enquanto o novo rei não assumisse plenamente suas responsabilidades costumeiras, nem mesmo as famílias podiam organizar funerais de seus entes falecidos durante esse período.
Uma verdadeira catástrofe entre os Bamiléké, para quem os ancestrais equivalem a santos entro da igreja católica romana.
Por isso essa semana em que a coroação se iniciou com ofícios religiosos, e a dança real de Zet, foi uma grande festividade entre o povo Bana, que entraram numa nova era com Sikam Happi V altamente ovacionado.
Pigmeus
Os pigmeus estão entre os habitantes mais antigos das florestas equatoriais da África.
A primeira referência conhecida sobre eles foi encontrada durante uma expedição ao Egito na busca da nascente do rio Nilo, por volta da Quarta Dinastia (cerca de 200 d.C.).
Os relatórios do General Herbouf foram encontrados na tumba do faraó Nefrijare. Nele estão registros das suas expedições numa grande selva a oeste das “Montanhas da Lua”, onde encontrou “três pessoas” – homens de porte pequeno que dançavam e cantavam para homenagear seu deus com movimentos que nunca tinham sido vistos antes.
O faraó pediu a ele que trouxesse esses “dançarinos de Deus”.
Se no passado eles eram conhecidos como “dançarinos de Deus”, hoje os pigmeus são mundialmente reconhecidos como seres humanos completos.
Eles habitam as imensas florestas tropicais, e estão espalhados ao longo de oito estados africanos em áreas sub-desérticas (Saara):
Burundi, Camarões, Congo, República da África Central, Guiné Equatorial, Gabão, Ruanda e Zaire (República Democrática do Congo).
Em Camarões, existem três diferentes grupos que estão distribuídos de maneira desigual nos territórios que ocupam:
Baka – estima-se cerca de 400.000 habitantes ao Sul e Sudeste
Bakola – também conhecidos como Bayeli, cerca de 3.000 vivem ao Sudoeste
Medzam – vivem no Planalto Central e existem apenas mil habitantes ou menos
Enquanto seus estilos de vida permanecem como um dos mais primitivos do mundo, os pigmeus atravessaram a história da África moderna ilesos de diversos desastres:
escravidão, colonização e – nos dias de hoje – a epidemia da AIDS.
Mesmo perdendo sua cultura, os pigmeus se tornaram os “africanos da África”, e ainda sobrevivem como as últimas testemunhas do tempo em que o Homem sabia como fazer uso da Natureza sem destruí-la.
Rei fotografado por Daniel Lainé entre 1988 e 1991