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domingo, 13 de novembro de 2011

Ancião da tribo Dinka - Sudão

O corpo comprido e pálido dos anciãos Dinka, protegido por cinzas, renderam-lhe o apelido de fantasma gigante, pelos primeiros exploradores do Sudão.
Eles são velhos pastores, com grande experiência no cruzamento do rebanho, e consultados para assuntos primordiais a sobrevivência em tempos de seca.
O povo Dinka, ocupa um vasto território situado ao sudeste do Sudão, numa região de savanas banhadas pelo Nilo Branco e por muitos de seus afluentes. 
Alguns historiadores relacionam os Dinka com os pastores que aparecem nos entalhes das tumbas egípcias, de 3.000 anos A.C. 
As evidencias comprovam sua presença há 500 anos nas terras onde vivem atualmente.
Durante o século XIX, enfrentaram com tenacidade, o império otomano, que chegava até suas terras, assim como aos traficantes de escravos árabes que tentaram de convertê-los ao islamismo.
A guerra interminável do governo de Kartum contra os povos do sul, aliada as grandes secas que assolaram o território durante os dos últimos decênios, levou os Dinka a confrontos armados com os povos vizinhos, pelo controle das terras férteis, vitais para a alimentação do gado desta região de pastoreio. 
Em 21 de abril de 1997, os líderes Dinka e Nuer concordaram de acabar com esses conflitos que estavam dizimando a população e causando danos a ambos os povos.
Apesar de a pecuária ter sido seu principal recurso econômico, a agricultura e a pesca lhes garantiu uma autossuficiência na alimentação. 
E seu domínio nos setores do comercio e da indústria leve foi aumentando paulatinamente.
Até a invasão britânica, havia poucos assentamentos fixos, pois o nomadismo era sua forma de vida.
A administração britânica favoreceu a criação de aldeias estáveis que se multiplicaram rapidamente por todo o pais. 
Cada povoado é governado por um líder eleito pela comunidade. 
É uma sociedade bastante igualitária, que carece de um sistema de classes sociais.
A poligamia é habitual entre os Dinka, apesar de que muitos homens tenham apenas uma esposa.
Mantém o costume tradicional do dote, que a família do noivo deve presentear a família da noiva.
Casam-se com pessoas de diferentes clãs, o que tem facilitado a coesão social. 
Consideram que o levirato (casamento de uma viúva com o irmão de seu falecido esposo), garante a segurança da viúva e de seus filhos. 
Apesar dos filhos ficarem sob a responsabilidade de apenas uma co-esposa, os filhos das outras esposas criam-se juntos e elas costumam cozinhar para o todo grupo.
Os Dinka vestem pouca roupa, sendo normal para um homem adulto andar totalmente nu, usando apenas colares a volta do pescoço. 
As mulheres costumam vestir apenas uma pele de cabra amarrada na cintura. 
As jovens apreciam cada vez mais, as formas de vestir dos povos vizinhos, e os homens de usar as amplas túnicas dos povos do norte. 
Os homens especialmente cuidam muito da ornamentação do corpo. 
Costumam arrancar alguns dentes por uma questão meramente estética. 
Os pastores utilizam cinza do esterco de vaca sobre a pele, para afugentar os mosquitos. 
É comum ver homens com cabelo tinto de vermelho, especialmente entre os jovens, para o que empregam urina de vaca, enquanto que as mulheres enfeitam a cabeça, usando apenas, um tufo de cabelo. 
A grande maioria da população segue a religião tradicional. Apenas 5 % adotou o cristianismo e um 1 % o Islamismo.
Os Dinka creem em um único Deus chamado Nhialac, criador e fonte da vida, mas, porém distante dos problemas humanos. 
Por isso contam com as entidades espirituais, Yath y Jak, intermediarias no contato com Nhialac. 
Os antepassados continuam convivendo com a família, conforme a maneira que foram em vida. 
Os sacerdotes são os responsáveis dos rituais e sacrifícios (normalmente algum animal), oferecidos aos antepassados para obter ajuda de Nhialac para que haja bem estar ente o povo e a comunidade. 
O gado tem um significado religioso e costuma ser usado nos sacrifícios rituais em homenagem a Yath y Jak, apesar de utilizarem ovelhas em algumas circunstancias. 
A família e as relações sociais são valores fundamentais para o pensamento religioso Dinka. 


Mitos


No principio Nyalitch estava sempre próximo do homem e conviveram juntos enquanto a humanidade era imortal. 
Os humanos não tinham nenhum tipo de doença e nunca no passavam fome, recebendo o milho que Nyalitch lhes dava cada dia para alimentar-se. 
Certa vez, Abukn, a primeira mulher que Nyalitch havia criado, ansiosa por moer o milho com mais rapidez utilizou um bastão tão grande em seu pilão que golpeou o céu. 
Isso encolerizou Nyalitch que se retirou da terra deixando aqui somente os humanos. 
Desde então o mundo adoeceu, e os homens ficaram sujeitos à morte, as enfermidades e a fome. 
Nyalitch é considerado como o único deus do povoo Dinka, Ele é o deus do céu e da chuva, o senhor dos espíritos dos antepassados. 
Abukn, a primeira mulher, é considerada como a patrona das mulheres, das plantações e dos campos. Costumam representa-la como una pequena serpente. 


Língua


A língua dinka (jeing) pertence ao ramo nilótico ocidental (chari-nilo) da família das línguas nilo-saarianas , sendo falada por dois milhões de pessoas ao sul do Sudão e sudoeste da Etiópia.
Uma parte significativa da população usa o árabe sudanês como segunda língua.


Carol Beckwith e Angela Fisher


As fotógrafas Beckwith e Fisher realizaram um autêntico trabalho antropológico durante os trinta anos que levaram fotografando as cerimônias da África. 
Aproveitando a desvantagem aparente de sua condição feminina e graças à sua adversidade, conseguiram ganhar a confiança dos homens e mulheres das diversas tribos que visitaram, aceitando registrar sua vida cotidiana e seu mundo espiritual de uma maneira que nenhum homem conseguiu antes.