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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Homem Dinka preparando-se para o casamento.

Ele remove o seu tradicional espartilho de contas, polvilha seu corpo com cinzas e se enfeita com varias fiadas de valiosas contas venezianas (cada conta representando uma vaca).

Povo


A etnia Dinka é formada por pastores que foram expulsos dos campos petrolíferos tanto pelos grupos armados quanto pelo governo de Cartum.
Esse grupo domina o SPLA e tem em John Garang seu líder. 
Os Bejas ocupam a região nordeste do país.
Nas regiões centrais, leste e oeste do Sudão existem vários grupos que foram economicamente e politicamente marginalizados, os quais não eram totalmente arabizados ou islamizados. 
Com a independência, os partidos rivais do norte têm competido para controlar essas outras regiões se estabelecendo no poder em Cartum. 
Vale lembrar que o norte sofre influência do Egito desde a época colonial britânica (1898-1955). 
Em março de 2000, foi assinado no Sudão meridional um tratado de paz entre os Dinka e os Nuer. 
As formas da guerra civil que se estendia por décadas, bem como as soluções acordadas, descritas pela imprensa e nos próprios documentos adquirem pleno sentido quando se consideram as penetrantes análises de Evans-Pritchard acerca dos Nuer. 
Persistentes ao longo das décadas, as estruturas Nuer reveladas em suas obras passam pelo "teste da história", permitindo inclusive retomar suas contribuições à reflexão acerca da relação entre estrutura e história. 
Os povos Dinka e Nuer, do sul do Sudão, haviam vivido em conflito entre si por muitos anos. 
Os assaltos ao gado, as lutas armadas, o rapto de mulheres e crianças e as lutas por direitos à pesca e à pastagem haviam resultado em uma faixa de 75–150 km de terra de ninguém entre eles. 
Esta faixa de terra abrangia muitos dos melhores locais para pastagem e pesca na estação da seca.
O conflito estava causando pobreza e desespero, além de prejudicar o estilo de vida tradicional, pois o poder e a tomada de decisões estavam cada vez mais nas mãos dos combatentes armados e violentos, muitas vezes vinculados aos exércitos rivais do SPLA e do SSIM.


Responsabilizando-se


Após um ano de planeamento cuidadoso, cerca de 35 pessoas – entre eles idosos, chefes, líderes religiosos e de igrejas de Nuer e de Dinka – foram reunidos em Lokichoggio, no norte do Quênia. 
Pela primeira vez, estes líderes puderam compartilhar histórias do sofrimento resultante das lutas entre os seus povos. 
Ao invés de culparem os exércitos rivais, os líderes estavam dispostos a responsabilizarem-se eles próprios pela guerra e por fazerem a paz.
Eles se comprometeram em trabalharem juntos para chegarem a um acordo de paz e começaram a planear uma conferência que trouxesse uma reconciliação duradoura para o seu povo.
A conferência foi realizada no diminuto povoado de Wunlit – em terra de ninguém entre os povos Dinka e Nuer. 
Mais de 2.000 pessoas compareceram entre eles chefes, idosos, líderes de mulheres, líderes religiosos e representantes do exército.
A tradição de contar histórias era o tema principal da conferência. 
Ao incentivarem-se as pessoas a contarem suas histórias, elas sentiram um alívio da dor que haviam sofrido, além de se salientarem várias questões que precisavam ser resolvidas. 
Foi feito um acordo, com o testemunho de 318 líderes das comunidades Dinka e Nuer, o qual foi selado com o sacrifício de um touro branco – comprometendo a todos a obedecerem ao acordo, com orações cristãs e com um banquete para todos com a carne do touro. 
Sinais de confiança


Após a conferência, houve muitos exemplos de como as pessoas demonstravam sua confiança no acordo.
Milhares de pastores dos povos Dinka e Nuer mudaram-se para a terra de ninguém e, juntos, visitaram os locais sagrados tradicionais, sacrificando outro touro para representar mais uma vez a selagem do acordo de Wunlit. 


O comércio foi restabelecido.


A igreja havia tido um papel vital no estabelecimento do processo de paz e ao atuar como anfitriã da primeira conferência. 
O apoio e as orações das igrejas por toda a região foram muito importantes. O elemento tradicional foi mais importante na segunda e maior conferência de Wunlit.
O acordo de Wunlit foi um triunfo de toda a comunidade. Ele foi um ponto muito forte e garantiu uma confiança duradoura, tornando-se também o centro de um processo de pacificação crescente. 
Desde então, foram reabertas rotas comerciais, foram concluídos matrimônios com mulheres raptadas, milhares de pessoas do povo Nuer que haviam sido deslocadas por causa das lutas retornaram em paz, e as terras de pastagem e os locais de pesca têm sido compartilhados pacificamente.
As discussões entre os povos Dinka e Nuer foram facilitadas pelo fato de ambos os grupos possuírem uma cultura e uma economia pastoril em comum. 
O processo de pacificação liderado pelas pessoas trouxe um grande incentivo ao caos no Sudão atual. 
Isto mostra que, apesar do que parecia ser um ciclo sem fim de conflito e vingança, os recursos tradicionais, juntamente com o apoio da fé cristã, podem trazer a cura e uma nova vida.


Por Andrew Wheeler.


Andrew Wheeler trabalhou como parceiro de missão com a CMS, no Sudão.
Movimentos de pacificação históricos.


Carol Beckwith e Angela Fisher


As fotógrafas Beckwith e Fisher realizaram um autêntico trabalho antropológico durante os trinta anos que levaram fotografando as cerimônias da África. 
Aproveitando a desvantagem aparente de sua condição feminina e graças à sua adversidade, conseguiram ganhar a confiança dos homens e mulheres das diversas tribos que visitaram, aceitando registrar sua vida cotidiana e seu mundo espiritual de uma maneira que nenhum homem conseguiu antes.