Esse é um dos doze títulos perpetuados na cidade pelos descendentes dos reis que se refugiaram em Ede nos tempos das guerras.
Adetoyese Laoye vem de uma família de músicos percussionistas (alabês) e aprendeu essa arte com um tio do lado materno, e se empenhou durante a vida para manter essa tradição viva.
Ede é uma das cidades mais antigas do reino Ioruba. Esse povoado foi fundado por Timi Agbale para proteger a rota das caravanas que seguiam para o Benim.
Tambores Iorubas
O tambor falante é um instrumento da família dos membrafones, no formato de uma ampulheta, com couro em ambos os lados. É conhecido por Dundun, que significa som suave.
Não somente no sentido metafórico, mas também podem ser usados para falar a linguagem ioruba.
Eles tem sido usados desde sempre para recitar orações, poemas religiosos, felicitações, anúncios, louvores para os lideres, e ainda piadas e brincadeiras.
Bata
De acordo com a descrição de Ulli Beier:
O mais notável entre os instrumentos ioruba é o Bata, tambor de Xangô, o deus do trovão.
É um tambor com duas membranas (couros), e que não tem cordas para esticar esses couros, não permitindo deslizar os dedos para produzir sons.
Por isso é mais difícil "falar" através deles, e mais ainda "entende-los".
O que é que os Bata tem a "dizer"? E se "falam" o que é que eles "contam"?
Esses tambores são usados tradicionalmente para uma variedade de propósitos.
Anunciar a chegada de visitas para o rei, enviar mensagens de advertência e avisos ate aonde seu som chegar, e o mais importante de tudo, é usado para "dizer" as preces e recitar "orikis" poemas épicos.
De acordo com a descrição de Beier, os orikis podem ser chamados de poemas em Ioruba.
São antigas descrições metafóricas dos deuses e reis.
Sempre pitorescos, e frequentemente misteriosos e ocultos.
Aqui vai um exemplo de oriki feito em homenagem ao rei Ogoga de Ikerre:
"Não é a cobra que teme, mas ele que pisa nela."
Hoje em dia (década de 1950) é muito difícil de conseguir orikis traduzidos.
Apenas alguns iorubas iniciados ainda tem capacidade de compreender o tambor falante.
Mesmo se encontrarmos algum musico (alabê) para recitar as palavras, os mais jovens terão dificuldades para encontrar o significado dessa antiga linguagem que está acima de sua compreensão.
Os tambores bata são formados por um conjunto de três tambores.
O maior é o Iya, o médio é o Omele ou Itotole, e o menor é o Oncocolo.
Algumas vezes usa-se um acessório na forma de um pneu modelado em argila, sobre o couro do tambor Iya para abafar o diapasão.
É tocado com ambas as mãos dos dois lados do tambor.
O conjunto de tambores Bata pertence ao sistema cultural mais complexo de instrumentos na Nigéria.
Seu aparecimento data do século XIV DC, tornando-se conhecido para além de Oyó durante o período do trafico de escravos no Atlântico.
Acredita-se que o tambor Bata tem a capacidade de liberar o poder metafisico das divindades iorubas, os Orixás.
É uma das vozes mais persuasivas dos Orixás neste novo milênio, e tal como um grande catequista, o tambor continua sua jornada através dos séculos congregando pessoas em volta de seus ritmos aonde quer que vá.
O poder de suas mensagens e sua relevância na vida contemporânea tem assegurado a sua presença ao redor do globo, neste vigésimo primeiro século.
Os tambores bata foram introduzidos ou desenvolvidos no território ioruba por Xangô, que foi um rei em vida e um deus na morte.
E tem prováveis raízes no nordeste da África e Oriente médio e quem sabe na Índia, onde esse tipo de tambor duplo também existe.
Seus "parentes" mais antigos encontram-se ainda no Sudão e Egito.
Dundun
O Dundun é o mais jovem de todos os tambores tradicionais no território ioruba, porém é o mais potente.
Sua capacidade de imitar os sons tonais da língua ioruba superou todos os tambores que existiam antes dele.
Além desses tambores existem muitos outros, e de alguma maneira todos eles falam.
Sakara
O tambor Sakara é um instrumento muito robusto, porém cômodo de usar, confeccionado em couro e montado sobre um aro de cerâmica.
É recoberto por uma pele de vaca, trançados, argila vermelha e varetas de madeira.
Esse tambor muda de tom conforme a tensão que se obtém pressionando-se a parte interna do couro, tal como uma cuíca, para obter-se o efeito da "fala".
Possui um efeito sonoro excelente, tanto quando tocado em conjunto com tambores maiores quanto sozinho.
É usado tradicionalmente durante cerimonias de casamento.
Jembe
O Jembe (cuja pronuncia é djembê) está perto de obter uma popularidade internacional, tão grande como o Conga “atabaque" e a marimba de latão.
Causou impacto primeiramente na África ocidental na década de 1950, devido às turnês internacionais.
Em forma de pilão, aberto de ambos os lados é recoberta com couro de bode ou antílope, esticado sobre um dos bocais. É tocado com as mãos sem o auxilio de baquetas.
Produz três tipos de sons: claque, tônico e baixo.
O musico que toca o jembe associado ao balafon é conhecido por “djembefola".
Balafon
O bala da família das marimbas é o instrumento mais conhecido entre os povos Jeli, ou Jali.
A palavra balafon é usada incorretamente para referir-se ao instrumento, pois na verdade indica o musico que toca o bala.
Fonte:
("The Talking Drums of the Yoruba," in the African Music Society Journal, early 1950s)
[Ulli Beier, 1959: A Year of Sacred Festivals in One Yoruba Town. Nigerian Magazine].
Essa foto foi feita pelo fotografo Eliot Elisofon
em 1970, durante sua visita a Africa.