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sábado, 12 de novembro de 2011

Jovem Maasai aguarda apavorado pela circuncisão - Quênia

Em algumas sociedades os chamados ritos da puberdade são cerimônias de iniciação para a vida adulta. 
Muitos desses rituais de passagem incluem torturas físicas, perfurações de orelhas, nariz, etc. 
Na África, entre os Maasai, a iniciação começa pela circuncisão nos meninos e a clitoridectomia nas jovens.
O garoto nessa foto aguarda ansiosamente pela sua circuncisão, rezando para ter coragem e não gritar.
Apos a cirurgia, ele será levado até a cabana de sua mãe, onde será servido sangue de vaca para beber, de maneira a restaurar sua força.
Durante a cerimônia de circuncisão o pai e filho trocam nomes. 
Se o pai chama-se Senda e o filho Nana, o pai irá chamar-se Menye Nana (pai de Nana) e o filho Ole Senda (filho de Senda). 
Esta cerimônia de circuncisão acontece a cada três anos, abrangendo todo o povo Maasai e todos os garotos envolvidos celebram juntos. 
Esses jovens guerreiros agora utilizarão colares coloridos, sinos nas pernas, tranças nos cabelos e carregarão escudos preto e vermelho. 
Deixarão a casa dos pais e construirão as suas, mas sem as cercas. Seus pais ocasionalmente lhes darão, de presente, gado para o abate.
Os jovens guerreiros compartilharão tudo como irmãos, e todos que foram circuncidados no mesmo ano permanecerão em um mesmo grupo para o resto de suas vidas. 
Eles se ajudarão mutuamente e colocarão suas esposas a disposição uns dos outros. 
Um companheiro pode entrar na boma de outro colocando sua lança em frente a sua cabana e tudo que houver dentro, incluindo a esposa será propriedade dele durante sua estadia.
No lado direito do portão de entrada fica a cabana da primeira ou da mais respeitada esposa. A segunda esposa constrói a sua a esquerda, enquanto a terceira na direita novamente.


O povo


O Maasai considera-se um povo escolhido por Deus. Eles acreditam que Deus criou todo o mundo para ele, outros povos não têm direito a ter seu próprio gado.
Seus magros ancestrais vieram do Egito. Como ele conduziram seu gado lentamente em direção ao sul, eles se misturaram ao povo negro do alto Nilo. 
No leste da África, eles se apropriaram do lado leste do Vale Great Rift que vai até Quênia e Tanzânia. Embora sejam guerreiros natos, eles nunca governaram ou dominaram outras tribos negras como fizeram outras tribos no norte da África.
Eles não gostam que estrangeiros viajem pelos seus domínios. 
Isto salvou a vida de muitas tribos nativas ao redor do Lago Victoria, pois os mercadores de escravos árabes não cruzaram o território Maasai.
Desta forma, as caravanas de escravos vindas da costa em direção ao Lago Tanganyika, ficaram confinadas ao sul das terras Maasai.
Os primeiros europeus a ter contato e falar com o Maasai foram os missionários Krapt e Rebmann. 
O Maasai acredita que os montes Kilimanjaro e Meru, bem como as grandes terras de Ngorongoro adjacências da planície do Serengeti pertencem a eles. Tradicionalmente, eles levam uma vida pastoril.


Boma


A Boma é uma aldeia circular rodeada por uma cerca alta feita com galhos de árvores. 
Vistas do ar, as cabanas lembram um queijo, e na realidade elas têm um aroma similar.
As mulheres as constroem forçando galhos no solo e depois curvando-os para dentro. 
Formando uma estrutura entrelaçada de galhos que é rejuntada com esterco de gado, seguido de pele de gado para torná-la impermeável. 
A cabana é muito baixa, não permitindo que se fique em pé em seu interior. 
Elas são construídas em círculo e durante a noite o gado é recolhido em seu interior. 
O esterco gradualmente eleva o nível do seu interior e quando se torna muito alto ou alguém morre dentro da boma, toda a família é forçada a mudar para um novo local. 
Quando um novo local é estabelecido muitas árvores são cortadas para prover galhos para a nova cerca. Sobrevoando a região é possível ver rastros de velhas bomas.


Lanças


Os "ferreiros" que fazem suas belas espadas e lanças são considerados "sujos". 
Eles são Maasai também, mas se você dá-lhes um aperto de mãos, você tem que lavar as mãos em óleo. 
Os guerreiros não são encorajados a casar-se com filhas de "ferreiros" e se fizerem sexo com uma delas estão certos de ser amaldiçoados, adoecerem ou até mesmo morrerem.


Cumprimentos


Cuspir na palma da mão antes de dar as mãos é sinal de amizade especial.


Alimentação


Seu alimento comum é leite e carne. 
O leite é usualmente armazenado em cuias que são lavadas normalmente com urina do gado. 
O leite sempre tem o paladar de fumaça da árvore Olea Africana. 
O Maasai acredita que se alguém bebe leite e come carne no mesmo dia, a rês que deu o leite poderá adoecer ou até morrer. 
Desta forma, eles não misturam leite com carne, mas eles podem misturá-lo somente com sangue.
Eles bebem sangue somente de seu próprio gado.


Caça


O Maasai caça apenas antílopes gigantes e búfalos como eles os consideram ser quase como o gado.
Isto explica porque outros animais de porte médio, como zebra, gnus, gazelas, etc. pastam pacificamente lado a lado com o gado doméstico. 
Leões são também caçados como sinal particular de bravura por jovens guerreiros que desejam casar-se. A caça é feita utilizando lanças para impressionar suas namoradas. 


Outros fatos


Um touro deve fornecer em torno de um galão de sangue por mês e uma vaca 1/2 litro no mesmo período. 
O processo de obtenção do sangue começa quando uma fina corda é colocada ao redor do pescoço do touro e com o auxílio de um torniquete é torcida até que a veia jugular torne-se proeminente. 
Um velho Maasai irá atirar uma flecha com uma ponta pequena para perfurar a veia. O jato de sangue é então coletado em recipiente de madeira.
A ferida é então tratada colocando-se esterco com os dedos. 
Uma vez feito isto, o sangue é estancado. 
O sangue já coletado é mexido com um pequeno graveto e então levado por um dos garotos.
Os garotos recebem nova graduação a cada 10 anos. Se um pai dúvida se um bebê é seu ou não, o bebê é colocado no centro do portão por onde o gado é recolhido durante a noite. 
Se ele for pisoteado até a morte, então será considerado um filho bastardo.


Foto de Carol Beckwith e Angela Fisher


As fotógrafas Beckwith e Fisher realizaram um autêntico trabalho antropológico durante os trinta anos que levaram fotografando as cerimônias da África. 
Aproveitando a desvantagem aparente de sua condição feminina e graças à sua adversidade, conseguiram ganhar a confiança dos homens e mulheres das diversas tribos que visitaram, aceitando registrar sua vida cotidiana e seu mundo espiritual de uma maneira que nenhum homem conseguiu antes.