No Brasil ha um termo semelhante para designar gêmeos, Mabaça, que vem do banto e quer dizer banana geminada, conforme o vocabulário afro-brasileiro de Yeda Pessoa de Castro.
O casal Mawu-Lissá também é conhecido como Dadá Segbô (Grande Pai Espírito Vital), Sé-medô (Princípio da Existência) e Gbé-dotó (Criador da Vida).
De acordo com alguns relatos Dada Segbo é o criador dos gêmeos Mawu-Lisa, aqueles que criaram o mundo, enquanto outros dizem que Mawu criou Segbo-Lisa.
A explicação mais plausível, no entanto, sobre a origem da criação Fon, admite que foram os gêmeos Mawu (fêmea) e Lisa (macho) os responsáveis por esta tarefa.
Para o antropólogo Melville J. Herskovits, Mawu e Lissa são os filhos de Nana Buluku.
Já Mercier descreve Mawu-Lisa, não como gêmeos, mas como um ser andrógino e hermafrodita:
"A natureza dual do Criador corresponde ao dualismo com que os Fon encaram o universo.
Mawu, o principio feminino é a fertilidade, a maternidade, a doçura, o perdão, enquanto Lissa é o poder, a guerra e a força."
O que parece "clássico" na descrição da criação é que Mawu-Lisa foram auxiliados pela serpente Dan.
A origem de Dan ou Dan Ayìdo Hwedo, a serpente cósmica, é incerta.
Ha relatos de que foi a primeira criatura na terra, e outros que afirmam ter coexistido com Mawu em outros tempos e outros mundos.
Atualmente é adorada como um espirito intermediário, um vodum.
Seus santuários são enfeitados com a pintura de um arco íris com a cabeça de uma serpente.
De acordo com a lenda, Dan transportou Mawu-Lisa pelo universo para realizar sua tarefa da Criação.
Por um breve momento ela pode ser vista enrolada abraçando o mundo, no arco íris e na refração da luz sobre as águas.
Quando Dan descansa larga seus excrementos formando as montanhas.
Mawu
Mawu é a divindade da criação, o ser supremo do povo Daomeano. Ma-Wu significa literalmente, não ha ninguém maior do que Ela.
É chamada de deusa da lua. É deusa da fertilidade e protetora das mães.
Uma divindade generosa e doce.
Está frequentemente associada com macacos e cobras.
Segundo suas crenças, Mawu enviou os Voduns à terra para auxilia-lo a governar o mundo e dar assistência aos seres humanos.
Para quem visita o Benin é natural ouvir a todo o momento o nome de Mawu:
Mawu we faz Vodum – “Mauu está entre nós”.
Ku faz Mawu’zo – “Deus te pague, obrigado”.
Mawu ni fon mi – “Durma com Deus” “Durmo com Deus”
Mawu’fe we – “Deus nos ama.
Mawu na biy – “Deus vai ajudar”
Mawu representa o oriente, à noite, a lua, a terra e o subterrâneo.
Lissa
Lissa representa o ocidente, o Sol, o firmamento, a luz e as águas.
É simbolizado por um camaleão, Sagaman, que morde o globo do sol. Além disso, é associado ao crocodilo, Topodun.
Mito de Legba (divindade trickster)
Ao criar a Terra, a vida e tudo o que ha sobre ela, Mawu achou que o peso daquilo que havia criado era muito grande.
Preocupada, ela chamou a serpente nativa, Aido Hwedo, para enrolar-se por baixo da terra e pendura-la no céu.
Ao chamar Awe, um macaco (Legba) que ela também havia criado para ajudá-la na criação de outros seres feitos de barro, ele riu-se dela para os outros animais desafiando-a.
Gbadu, a primeira mulher criada por Mawu, nascida em meio ao caos da Terra, falou para seus filhos que somente Mawu podia dar-lhes o sopro da vida, o Sekpoli.
Gbadu disse para sua filha Minona instruir os outros humanos sobre o uso de um bolinho feito de palma, para oferecer a Mawu.
Quando Awe, o macaco arrogante, subiu ao céu e tentou mostrar que ele também podia dar o sopro de vida, falhou por completo.
Mawu preparou uma tigela de caldo com a semente da morte e avisou o para tomar cuidado, pois apenas ela poderia dar a vida, mas também podia tirar a vida.
Mitos e historias
A cultura oral passada pelos kpanlingans que são os contadores oficiais das historias desse povo.
Apesar de alguns deles distorcerem essas narrações, ha trabalhos sérios de pesquisa, principalmente aqueles feitos pelos antropólogos franceses no antigo Daomé.
Na mitologia Fon, Nana Buruku (bulucu) criou o mundo dando vida aos animais, a flora e aos minerais, com a ajuda de Aido Hwedo, a serpente sagrada.
Após a criação, ela teve um casal de filhos gêmeos a quem batizou de Mawu-Lisa.
A eles foi dada a incumbência de criar os humanos e povoar a Terra.
Mas Nanã logo percebeu que Lissa não colaborava com Mawu na criação.
E antes que ele castigasse os homens, resolveu separa-los e dando supremacia a Mawu no governo da Terra.
Enviou Mawu para a lua para iluminar a noite na Terra, e Lissa para o sol para clarear o mundo com a verdade.
E deu a Lissa a incumbência de voltar a Terra uma vez por ano, para conviver com os homens e conhecer suas necessidades de perto.
Com essas andanças pela Terra, Lissa deixou alguns descendentes que se tornaram divinizados, os voduns.
Os Fons dizem que a partir dessa separação, Mawu e Lisa só se encontram quando ocorre um eclipse e nessa ocasião fazem amor, gerando mais voduns.
Mawu é geralmente representada como uma anciã, vestindo um pano em volta da cintura e segurando um cetro com a lua.
Mawu-Lisa são cultuados no sul do Benin e Togo.
Ha três grandes santuários, nessa região, para adorar esses deuses.
Os Mawunon, sacerdotes de Mawu, apesar da importância das divindades que cultuam, não têm nenhuma ascendência sobre os outros sacerdotes dos cultos de voduns.
Mawu e Lisa são conhecidos por uma infinidade de nomes, de acordo com o dialeto falado podemos encontrar:
Mawu
Segbo-Mawu, Dada-Segbo, Adimoula, Mawuto , Mawu Todzi, Mahou
Lissa
Segbo-Lisa, Dada-Segbo-Lisa