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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A religião iorubá - Sua cosmogonia e mitologia

A religião iorubá organiza-se através de vários níveis, sobrepostos como se fossem as camadas de uma cebola.
O nível mais antigo e espiritual encontra-se bem no centro.
É o primeiro e representa a força da criação.
O reino de Olorun, a Pedra Fundamental do Poderoso Criador.
Olodumaré está no centro daquilo que era, é, e será.
Toda a criação e Axé provêm desse centro.
Dentro de recipientes criados por Olodumaré.
Em cada Axé, cada recipiente, está sua força criadora, que Ele usa para manter as partes do todo da Criação.
E para cada força criadora masculina ha uma força criadora feminina.

Axé

Antes do começo de tudo existia apenas Axé, a própria força criadora.
Não estava contida em nada, em nenhum pote, nenhum recipiente. Era livre.
Não havia nada além de Axé.
Um dia Axé começou a pensar.
E quando o pensamento começou Axé tornou-se Olodumaré.
E quando Olodumaré pensou ele pensou a matéria, e a matéria veio a ser.
E a matéria é chamada Olorun, a pedra fundamental no centro de tudo.
Mas a matéria tornou-se femea e Olodumaré é macho, pois o pensamento causa uma reação no outro. O pensar feminino gera algo masculino.
O nome da matéria criadora pensante em Olorun é Nana Buruku, a avó de todas as divindades.
Essa divindade criadora tem muitos nomes: Nana, Nan Nan, Nana Baruku, Nana Baluku, Na Na Baraclou, Boucalou são alguns deles.

Nanã

Uma vez que Nanã foi pensada da luz a Mawu e Lissa que são o ovo cósmico e a semente que os fertiliza respectivamente.
Na maioria das composições orais da historia da Criação é esse ovo que da origem a tudo.
Antes havia dia, antes disso havia noite e antes de tudo havia o universo, tudo vivia em harmonia em Olorun, o paraíso cósmico situado no reino de Ikode Orun, o ovo gigante que ficava no centro do nada.

Os Irunmales vieram a ser

O ovo gigante era Mawu e a semente era Lissa.
Eles (e frequentemente a avó deles) são chamados as primeiras ou Grandes Divindades, os Irunmales.
Os Irunmales incluem: Nana Baruku, Mawu Lissa, Olofin, Kiori, Dakuta,e 1001 outros, todos os filhos da semente e do ovo, de Lissa e Mawu.

Os Irunmales expandem o Universo

Agora eram os irunmales que decidiram que queriam expandir o universo.
Eles foram a Olodumare e disseram-lhe o que desejavam.
Debateram o assunto e resolveram que se o universo fosse expandido algo devia amarra-lo.
Foi assim que Oxumare foi criado, a serpente do arco-íris (Dã, a manifestação material de Aido Hwedo)
A serpente que se enrosca em volta do ovo, e enlaça tudo aquilo que foi criado, amarrando o universo com firmeza.
Mas Olodumare disse: "algum dia Oxumare vai ter fome e começará a devorar sua própria cauda. Quando isso acontecer, tudo aquilo que é, e será voltará para o centro, e extinto tão rápido como foi criado. Assim seja."
Então os Fon do Daomé acreditam que essa serpente vive em volta do mundo e o enlaça de modo a não despedaçar, com 3500 voltas acima e 3500 voltas abaixo.
Mas isso são os Fon, e aqui falamos principalmente dos iorubás. Então continuemos. Aido Hwedo é o conceito da serpente nessa parte da África.

Os Irunmales criam os Orixas

Os Irunmales começaram a criar e criando construíram o universo tal como é.
Eles criaram os mensageiros, os deuses menores e os Orixás.
Os Orixás são frequentemente designados por Grandes Orixás para distingui-los dos outros que são inferiores a eles.
Os Grandes Orixás são Obatala, Ogum, Exu, Xangô, Iemanjá, Oxum, Obaluae, Oxóssi, Erinle, Aganju, e 1001 outros.
Foram eles que criaram o planeta em que vivemos e toda a vida que conhecemos, e ainda os humanos que nela vivem.
E como modelo para moldar o primeiro humano usaram Nanã, e chamaram-na de Ayizan.
E ela criou todos outros humanos.
Os Orixás maiores criaram os menores.
E conforme os primeiros humanos iam morrendo, Oxupá, Orun, Orixa Oko, Dada, Iroko, Odudua, Obi, Xaluga, Obi, e 1001 outros, tornaram-se os espíritos guardiões, os Orixás menores.

Os Orixas criam um espaço para os Espiritos

Deste ponto em diante não ha mais Orixás de qualquer tipo para serem criados.
Todavia se as pessoas se portassem, e suas almas entrassem no reino criado pelos Orixás chamado Egun Eggungunand, fortificariam o reino espiritual com seus bons espíritos.
Esses espíritos são conhecidos como Ori (Eleda).
São os anjos da guarda, os espíritos que guiam.
Ha, porém, outros espíritos naquele reino.
Espíritos das pessoas más, ancestrais nem bons nem ruins e os espíritos da natureza.

O Mundo - A Criação Final dos Orixas

Finalmente os Orixás, aqueles que criaram o mundo conforme conhecemos, com os humanos de maior destaque, aqueles que podem falar com eles, e com os anciãos, lideres espirituais.
Em seguida vêm os juízes e mestres, os seguidores de Ifa, os que não creem, e finalmente os maus.
Muitos são chamados de Ori Buruku.

Criacionismo

É o termo que resume a noção genérica de uma entidade ou entidades inteligentes por trás de eventos como a origem do universo, da vida na Terra ou das próprias espécies.
Na mitologia de Ioruba, o processo de criação envolve várias divindades.
Uma das versões dessa mitologia diz que Olorum – Senhor Deus Universal – criou primeiramente todos os Orixás (divindades) para habitar Orun (o Céu, mundo espiritual), com o objetivo de usá-los como auxiliares para executar todas as tarefas que estariam relacionadas com a própria criação e o posterior governo do mundo.
Então, Olorum encarregou Obatalá de criar o mundo; mas este, com pressa, não rendeu a Bará os tributos devidos e, durante sua caminhada parou para beber vinho de palmeira e, embriagando-se, adormece.
Oduduá, a divina Senhora, foi ao encontro de Obatalá e ao vê-lo adormecido, pegou os elementos da criação e começou a formação física da terra.
Ela mandou que cinco galinhas d’angola começassem a ciscar a terra, espalhando-a, dando assim origem aos continentes.
Oduduá soltou então os pombos brancos - símbolo de Oxalá – e assim nasceram os céus.
De um camaleão fez surgir o fogo e com caracóis, Ela criou o mar. Na mitologia chinesa, P’an Ku, o Deus-Absoluto, nasce a partir de um Ovo Primordial e o processo de criação se concretiza com um sacrifício divino.
P’an Ku morre dando então origem à vida: de seu crânio surgiu a abóboda do firmamento, e de sua pele a terra que cobre os campos; de seus ossos vieram as pedras, de seu sangue, os rios e os oceanos; de seu cabelo veio toda a vegetação.
Sua respiração se transformou em vento, sua voz em trovão; seu olho direito se transformou na lua, seu olho esquerdo, no sol.
De sua saliva e suor veio a chuva. E dos vermes que cobriam seu corpo surgiu a humanidade.