Praticado desde a época da escravidão pelos moradores do
quilombo como processo cultural lúdico, o jongo hoje traz visibilidade pública
à comunidade de São José, tornando-se um significativo instrumento no processo
de luta pela terra, enfrentado pelo quilombo.
Por esse motivo, São José vive uma época de divulgação de suas
tradições. Essa realidade, além de atender a razões meramente utilitárias,
contribui também para a elevação da autoestima de seus moradores, valorizando a
cultura negra antes marginalizada e vítima de preconceitos na própria região.
Para festejar o Dia dos Pretos Velhos, os moradores realizam
anualmente a Festa de Jongo, quando são praticadas diversas manifestações
culturais africanas, preservadas no quilombo desde a época da escravidão. Uma
missa afro, na qual se mescla o catolicismo com a umbanda, abriu a festa.
O quilombo São José da Serra é uma comunidade de
descendentes de escravos que está localizada no interior do estado do Rio de
Janeiro, no município de Valença, e faz parte de um universo quilombola de 13
comunidades no estado e mais de 1.000 comunidades espalhadas por todo o Brasil.
Quilombo não é algo que fazia parte apenas do nosso passado
escravista. Tampouco se configura como comunidade isolada, no tempo e no
espaço, sem qualquer participação na sociedade. Pelo contrário, hoje as
comunidades se mantêm vivas e atuantes, divulgando sua cultura negra, e lutando
pelo direito de propriedade de suas terras consagrado pela Constituição Federal
desde 1988.
O Quilombo São José existe há cerca de 150 anos e é o mais
antigo do estado. Cerca de 200 quilombolas moram no local, em suas casas de
adobe ou pau-a-pique e telhado de palha. O trabalho em conjunto na agricultura
de subsistência, o catolicismo, a umbanda, o artesanato tradicional, o Jongo e
o Terço de São Gonçalo fazem parte do cotidiano dos moradores desde a chegada
dos seus antepassados na fazenda, por volta de 1850.
Nessas terras, os negros de São José constituíram um núcleo
religioso e cultural procurado não só pelos moradores das cidades próximas, mas
de vários outros pontos do Brasil e do mundo que visitam a comunidade ao longo
do ano.
Até dois anos atrás a comunidade não possuía luz elétrica
vivendo em isolamento. A floresta, as casas de barro com telhados de palha, o
candeeiro, o ferro à brasa e o fogão de lenha são comuns na comunidade.