Seguidores

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O Jongo do Quilombo São José da Serra – RJ


Praticado desde a época da escravidão pelos moradores do quilombo como processo cultural lúdico, o jongo hoje traz visibilidade pública à comunidade de São José, tornando-se um significativo instrumento no processo de luta pela terra, enfrentado pelo quilombo.
Por esse motivo, São José vive uma época de divulgação de suas tradições. Essa realidade, além de atender a razões meramente utilitárias, contribui também para a elevação da autoestima de seus moradores, valorizando a cultura negra antes marginalizada e vítima de preconceitos na própria região.
Para festejar o Dia dos Pretos Velhos, os moradores realizam anualmente a Festa de Jongo, quando são praticadas diversas manifestações culturais africanas, preservadas no quilombo desde a época da escravidão. Uma missa afro, na qual se mescla o catolicismo com a umbanda, abriu a festa.
O quilombo São José da Serra é uma comunidade de descendentes de escravos que está localizada no interior do estado do Rio de Janeiro, no município de Valença, e faz parte de um universo quilombola de 13 comunidades no estado e mais de 1.000 comunidades espalhadas por todo o Brasil.
Quilombo não é algo que fazia parte apenas do nosso passado escravista. Tampouco se configura como comunidade isolada, no tempo e no espaço, sem qualquer participação na sociedade. Pelo contrário, hoje as comunidades se mantêm vivas e atuantes, divulgando sua cultura negra, e lutando pelo direito de propriedade de suas terras consagrado pela Constituição Federal desde 1988.
O Quilombo São José existe há cerca de 150 anos e é o mais antigo do estado. Cerca de 200 quilombolas moram no local, em suas casas de adobe ou pau-a-pique e telhado de palha. O trabalho em conjunto na agricultura de subsistência, o catolicismo, a umbanda, o artesanato tradicional, o Jongo e o Terço de São Gonçalo fazem parte do cotidiano dos moradores desde a chegada dos seus antepassados na fazenda, por volta de 1850.
Nessas terras, os negros de São José constituíram um núcleo religioso e cultural procurado não só pelos moradores das cidades próximas, mas de vários outros pontos do Brasil e do mundo que visitam a comunidade ao longo do ano.
Até dois anos atrás a comunidade não possuía luz elétrica vivendo em isolamento. A floresta, as casas de barro com telhados de palha, o candeeiro, o ferro à brasa e o fogão de lenha são comuns na comunidade.