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quarta-feira, 14 de março de 2012

Arte Têxtil Africana


Na sociedade tradicional africana, as atividades humanas possuíam frequentemente um caráter sagrado ou oculto, principalmente as atividades que consistiam em agir sobre a matéria e transformá-la, uma vez que tudo é considerado vivo.
Toda função artesanal estava ligada a um conhecimento esotérico transmitido de geração a geração. (...)

Antes de dar início ao trabalho, o tecelão deve tocar cada peça do tear pronunciando palavras ou ladainhas correspondentes às forças da vida que elas encarnam.

O vaivém dos pés, que sobem e descem para acionar os pedais, lembra o ritmo original da Palavra Criadora, ligado ao dualismo de todas as coisas e à lei dos ciclos.

Como se os pés dissessem:

Quando um sobe o outro desce.
A morte do rei e o coração do príncipe.
A morte do avô e o nascimento do neto.
Brigas de divórcio misturadas ao barulho de uma festa de casamento.

Diz a navete:

Eu sou a Barca do Destino, o movimento, passo por entre os recifes dos fios da trama, que representam a vida.
Do lado direito para o esquerdo e vice-versa. A vida é um eterno vaivém.
A tira de tecido que se acumula e se enrola em um bastão sobre o ventre do tecelão representa o passado, enquanto o rolo do fio a ser tecido simboliza o mistério do amanhã, o desconhecido, o devir.