Oyà A To Iwo Efòn Gbé.
Oyá é forte para agarrar o búfalo pelo chifre.
Nome ioruba: Efon
Nome cientifico: Syncerus Caffer
Os caçadores iorubas identificam-se com a benfeitora da
floresta, a mulher búfalo vermelha uma das faces da deusa Oyá.
Com uma adaptação à floresta sem igual, o búfalo africano
representa um desafio formidável para o caçador; pesando cerca de 300 quilos,
com chifres de 60 centímetros, esses animais conseguem se embrenhar na mata
fechada e sair dela com agilidade e sem ruído; são rápidos e capazes de manter
uma velocidade de 50 quilômetros por hora em campo aberto; e lutam
destemidamente contra os adversários, sejam seres humanos, sejam outros
animais.
A cor dos búfalos varia do marrom-escuro ao preto, mas as
búfalas são avermelhadas, e os rebanhos desses búfalos são tangidos por
mulheres mais velhas.
Há, portanto uma forte associação entre o búfalo e a Deusa
na sociedade ioruba.
Duas espadas e um par de chifres de búfalo representam a imagem
de Oyà.
Algumas passagens da história de Iansã a relacionam à
antigos cultos agrários africanos ligados à fecundidade.
Por esse motivo em suas histórias existe a menção aos
chifres de novilho ou búfalo, símbolos de virilidade.
Iansã tem a força de segurar um búfalo pelos chifres.
Em seus mitos transforma-se neste animal para vingar-se de
mulheres invejosas.
Aqui tem um resumo desse mito:
Ogum estava caçando na floresta. Colocando-se na espreita,
percebeu um búfalo que vinha em sua direção. Preparava-se para matá-lo, quando
o animal, parando subitamente, retirou a sua pele. Surgiu uma linda mulher. Era
Oyá. Ela enrolou a pele nos chifres e a escondeu num formigueiro.
Ogum apossou-se do despojo, escondendo-o. Seguiu então Oyá,
que em passo elegante dirigia-se ao mercado, a fim de fazer-lhe a corte. Lá,
pediu-a em casamento. Oyá sorriu, mas recusou-se ao pedido. Então Ogum disse
que a esperaria.
Oyá voltou à floresta e, não encontrando sua pele e chifres
no formigueiro, voltou ao mercado já vazio onde Ogum a esperava e disse que se
casaria com ele. Recomendou, no entanto, que ele não contasse a ninguém que, na
verdade, ela era um animal. Ogum respondeu que guardaria segredo e levou Oyá.
Viveram bem durante alguns anos e Oyá pôs nove crianças no
mundo, o que provocou o ciúme das outras esposas. Elas fizeram então alusão ao
segredo. Oyá, enraivecida, vestiu a sua pele, e sua a forma de búfalo, matou as
mulheres ciumentas, partindo em seguida. Os seus chifres, ela os deixou com os
filhos, dizendo-lhes que os batesse um contra o outro, em caso de necessidade,
que ela viria imediatamente em seu socorro.
O búfalo-africano embora fisicamente semelhante ao búfalo
comum encontrado na pecuária do norte do Brasil é um animal de maior porte e
selvagem. O búfalo adulto é muito forte, impondo respeito mesmo a um grupo de
leões que possa cruzar no seu caminho. Além do homem, possui como predador
natural o leão, mas mesmo um indivíduo da manada é capaz de se defender usando
a força ou a proteção da própria manada. Regularmente pelo número de animais na
manada, pela dispersão no terreno e pela falta de defesa de animais idosos, os
leões podem matar e comer um búfalo, mas isto exige que um grupo de leões se
organize e ataque um único animal. É raro o fato de um leão atacar e derrubar
um búfalo adulto sozinho. Outros predadores como as hienas e os leopardos,
somente conseguem atacar um búfalo novo e que por algum motivo encontra-se
desprotegido da manada. O búfalo-africano nunca foi domesticado e permanece
selvagem em regiões e parques nacionais da savana africana.
Búfalo africano
O búfalo-africano, também chamado de búfalo-do-cabo, é
encontrado normalmente nas pradarias (grasslands) e na savana, nos seguintes
países: Etiópia, Somália, Zâmbia, Zimbábue, Namíbia, Botswana, Moçambique,
África do Sul, Quênia e Tanzânia.
No passado a população dos búfalos-africanos chegou a 10
milhões de animais, atualmente estima-se que sobrevivem 900.000, sendo a
maioria na savana da África oriental.
Animais selvagens usados nas praticas etno-zoologicas entre
os iorubas, e as implicações na conservação da biodiversidade.
Os animais selvagens e suas partes constituem os
ingredientes essenciais na preparação de remédios na medicina tradicional.
Apesar de serem utilizados amplamente para tratar uma
variedade de doenças, muitos desses produtos retirados da vida selvagem são
usados nas cerimônias, práticas religiosas e nos fetiches.
De fato, a medicina baseada no uso de animais sempre
desempenhou um papel importante nas práticas de cura, rituais mágicos e nas
sociedades religiosas por toda parte.
Todas as civilizações com sistemas medicinais bem
estruturados utilizaram animais como remédios.
Estima-se que dos 252 elementos químicos essenciais
selecionados pela Organização Mundial de Saúde, 8.7% são de origem animal.
A África vangloria-se de possuir uma longa tradição no uso
de plantas e animais para propósitos medicinais.
As curas tradicionais existem bem antes do advento da
medicina ortodoxa mais moderna, e as pessoas dependeram amplamente dela como a
única fonte de saúde e bem estar.
Ela continua sendo praticada hoje em dia na Nigéria e
convive lado a lado com a medicina contemporânea, onde os tradicionais
curandeiros atuam e continuam fazendo suas descobertas para curar as principais
doenças nessa sociedade.
Essas descobertas fundamentam-se nos esforços consistentes
dos curandeiros para erradicar as doenças perigosas que tem assolado a
sociedade nos tempos recentes e que muitas vezes parecem incuráveis pela
medicina ortodoxa.
Fonte:
Animais selvagens usados nas praticas etno-zoologicas entre
os iorubas, e as implicações na conservação da biodiversidade.
Publicado no African Journal of Agricultural Research Vol.
3, pp. 421-427, Junho de 2008
Soewu, Durojaye A
Department of Plant Science and Applied Zoology, Faculty of
Science Olabisi Onabanjo University, P. M. B 2002, Ago-Iwoye, Ogun-State,
Nigeria.
Etnozoologia: Ramo da Zoologia que estuda o papel
tradicional de certos animais na vida e folclore de determinada raça ou povo.