Animais selvagens usados nas praticas etno-zoologicas entre
os iorubas, e as implicações na conservação da biodiversidade.
Hiena malhada ou pintada
Nome científico - Crocuta Crocuta
Nome ioruba – Ikooko
A hiena-malhada (Crocuta Crocita) é a maior e mais conhecida
da família das hienas, Hyaenidae. Uma fêmea adulta chega a pesar mais de 70 kg.
Esse animal vive nas savanas e desertos da África e é um
predador que pode perseguir as suas presas a velocidades de até 55 km/h,
caçando em grupos de até 100 indivíduos.
De noite pode-se ouvir o seu som ecoando pelas savanas
africanas, som de uma risada sarcástica.
A hiena pintada é um dos mais poderosos predadores da
África, e proprietária da mais potente mordida das Savanas. Graças a poderosos
músculos em seu pescoço, a hiena possui uma mordida devastadora e é capaz de
morder uma zebra e ficar pendurada apenas pelos dentes.
Anda em bandos ou clãs, que é liderado por uma matriarca. Na
sociedade das hienas as fêmeas dominam.
Alimentam-se principalmente de carniça, porem também caçam
com incrível oportunismo. Zebras, gnus, corsos e outros herbívoros são suas
presas costumeiras.
Mas a hiena se especializou mesmo em roubar a comida de
outros predadores. Leopardos, guepardos, cães selvagens e até mesmo leões às
vezes perdem suas caças para bando de hienas em maior número.
São tanto caçadoras como carniceiras, além de roubar a caça
de outros carnívoros como os leões e guepardos.
São conhecidas por terem as mandíbulas mais poderosas da
África, tendo até a capacidade de quebrar ossos (os ossos consumidos são
digeridos normalmente).
Ela se alimenta de gnus, zebras, gazelas, babuíno e se
precisar pode abater até o perigosíssimo búfalo do campo. Também podem comer
animais semimortos fazendo o papel de necrófagos.
O maior rival dessa espécie é o leão.
Fantásticas batalhas são travadas entre bandos de leões e
clãs de hienas constantemente na África com baixas para os dois lados.
Já os leopardos, só tem chance quando conseguem levar sua
presa para cima de uma árvore, e quanto aos guepardos, só resta correr e caçar
outra vez.
A hiena tem suas crias em buracos escavados no solo, normalmente
nascem de 2 a 3 filhotes, mas logo ao nascerem, começam a se matar até que
sobre só um.
O clitóris da fêmea é semelhante do pênis do macho. Por
isso, muitos acreditam que as hienas são hermafroditas.
Detestada por muitas pessoas, por seus hábitos, e por não
ser bonita, a hiena deve ser admirada por sua força e adaptabilidade.
Hoje em dia é uma das poucas espécies que não estão correndo
risco eminente de extinção.
Entre os iorubas a hiena é comparada ao lobisomem, um humano
que se transforma nesse animal para caçar cabritos e gado, e se houver
oportunidade seres humanos.
Eles acreditam que os gritos e risadas desses homens-hiena
atraem os humanos para o meio da floresta para serem devorados.
No culto Gelede dos iorubas (Benim e Sudoeste da Nigéria) a
mascara da hiena pintada (Kòrikò), aparece no final tarde para assinalar o
final de uma cerimonia previa chamada èfè, aponta para alguns aspectos:
O fato de ser uma carniceira que come de tudo e sempre
aparece para comer os restos de comida que o leopardo deixou. É por esse motivo
que esse animal está associado com a ultima parte de qualquer assunto.
Ha outro significado segundo o qual a sua aparição no final
é um símbolo de que a cerimonia do èfe foi tão bem sucedida que até a hiena
veio para juntar-se à cerimonia para rir junto. (LAWAL 1996, 250)
Animais selvagens usados nas praticas etno-zoologicas entre
os iorubas, e as implicações na conservação da biodiversidade.
Os animais selvagens e suas partes constituem os
ingredientes essenciais na preparação de remédios na medicina tradicional.
Apesar de serem utilizados amplamente para tratar uma
variedade de doenças, muitos desses produtos retirados da vida selvagem são
usados nas cerimônias, práticas religiosas e nos fetiches.
De fato, a medicina baseada no uso de animais sempre
desempenhou um papel importante nas práticas de cura, rituais mágicos e nas
sociedades religiosas por toda parte.
Todas as civilizações com sistemas medicinais bem
estruturados utilizaram animais como remédios.
Estima-se que dos 252 elementos químicos essenciais
selecionados pela Organização Mundial de Saúde, 8.7% são de origem animal.
A África vangloria-se de possuir uma longa tradição no uso
de plantas e animais para propósitos medicinais.
As curas tradicionais existem bem antes do advento da
medicina ortodoxa mais moderna, e as pessoas dependeram amplamente dela como a
única fonte de saúde e bem estar.
Ela continua sendo praticada hoje em dia na Nigéria e
convive lado a lado com a medicina contemporânea, onde os tradicionais
curandeiros atuam e continuam fazendo suas descobertas para curar as principais
doenças nessa sociedade.
Essas descobertas fundamentam-se nos esforços consistentes
dos curandeiros para erradicar as doenças perigosas que tem assolado a
sociedade nos tempos recentes e que muitas vezes parecem incuráveis pela
medicina ortodoxa.
Fonte:
Animais selvagens usados nas praticas etno-zoologicas entre
os iorubas, e as implicações na conservação da biodiversidade.
Publicado no African Journal of Agricultural Research Vol.
3, pp. 421-427, Junho de 2008
Soewu, Durojaye A
Department of Plant Science and Applied Zoology, Faculty of
Science Olabisi Onabanjo University, P. M. B 2002, Ago-Iwoye, Ogun-State,
Nigeria.
Etnozoologia: Ramo da Zoologia que estuda o papel
tradicional de certos animais na vida e folclore de determinada raça ou povo.