Tradição do povo Edo
O palácio real era considerado o centro do mundo do Benin, e
sua estrutura extensa era impressionante, conforme os relatos dos viajantes da
época.
Maior e mais complexo do que qualquer palácio de qualquer
chefe abastado, também era adornado com mais pompa.
De acordo com as informações dos membros da Expedição
Britânica, sabe-se que as portas, vigas e caibros do aposento do conselho e da residência
do rei eram recobertas com placas de latão martelado com desenhos geométricos e
figuras de homens e leopardos.
As fechaduras das portas eram de marfim e os postes também,
decorados com pequenas figuras desse material.
Ainda se encontra sobre o teto da sala do conselho, uma
serpente de latão, citada por um europeu no inicio do século XVIII.
Desde a sua destruição em 1897, o palácio tem sido reconstruído,
apesar de muito reduzido tanto em tamanho quanto esplendor.
Ao invés dos aposentos individuais reservados para os
antigos reis, hoje há uma área murada com altares aonde se cultuam apenas três
gerações de predecessores, e os demais reis são cultuados num altar comum.
Ainda existem placas de bronze adornando as vigas e colunas,
além de relevos de terracota que contam as façanhas dos antigos Obas.
Esse palácio era e ainda é de certa forma o foco das
aspirações sociais do Benin. O acumulo de bens ainda é a via de acesso para o
alto status, principalmente quando usado para a compra de títulos de chefia no palácio.
Cada titulo constitui um oficio politico, mas também de
responsabilidade ritual. Com efeito, a maior parte dos chefes define seu papel
em termos de suas obrigações rituais com o rei.
O palácio é o centro da atividade ritual voltada para o bem
estar e prosperidade da nação do Benin. Além das cerimonias religiosas
domesticas, das associações e rituais do vilarejo, há um ciclo anual de rituais
realizados dentro do espaço palaciano. Alguns são de natureza privada, tais
como os sacrifícios que o Obá faz para o seu próprio Ehi, Ugie Ama, ou para a
suas Mãos, Ihiekhu.
As outras cerimonias são públicas. Esses rituais solicitam
um grande numero de participantes além de tempo e dispêndio de energia. Os
materiais usados para o ritual, como animais para sacrifício, presentes e
comidas para as oferendas, vem de todo o reino. Alguns vilarejos enviam
especialistas para oficiar cerimonias específicas tais como os Ilobi,
habitantes de Isi, especializados na preparação de flechas envenenadas, que vem
participar no ritual de guerra Isiokuo.
Dentro da capital, associações inteiras organizam-se na
participação dessas cerimonias, dentre os quais estão os percussionistas, os
escudeiros, os sacerdotes encarregados dos sacrifícios e os distribuidores de animais
para imolação. Artesãos de todos os tipos, entalhadores, fundidores, tecelões,
fabricantes de artigos de couro, e assim por diante, são aqueles que
providenciam os trajes e objetos rituais para serem usados, além de um grande
numero de especialistas de Osun responsáveis pelos intrincados preparos mágicos.
Todos esses especialistas possuem áreas de trabalho e
estoque dentro do palácio. É uma atividade concentrada. De fato a complexa
organização hierárquica dos Edos pode ser comparada a um formigueiro.