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sábado, 28 de abril de 2012

Arte e ritual no palácio real do Benin


Tradição do povo Edo

O palácio real era considerado o centro do mundo do Benin, e sua estrutura extensa era impressionante, conforme os relatos dos viajantes da época.
Maior e mais complexo do que qualquer palácio de qualquer chefe abastado, também era adornado com mais pompa.
De acordo com as informações dos membros da Expedição Britânica, sabe-se que as portas, vigas e caibros do aposento do conselho e da residência do rei eram recobertas com placas de latão martelado com desenhos geométricos e figuras de homens e leopardos.
As fechaduras das portas eram de marfim e os postes também, decorados com pequenas figuras desse material.
Ainda se encontra sobre o teto da sala do conselho, uma serpente de latão, citada por um europeu no inicio do século XVIII.
Desde a sua destruição em 1897, o palácio tem sido reconstruído, apesar de muito reduzido tanto em tamanho quanto esplendor.
Ao invés dos aposentos individuais reservados para os antigos reis, hoje há uma área murada com altares aonde se cultuam apenas três gerações de predecessores, e os demais reis são cultuados num altar comum.
Ainda existem placas de bronze adornando as vigas e colunas, além de relevos de terracota que contam as façanhas dos antigos Obas.
Esse palácio era e ainda é de certa forma o foco das aspirações sociais do Benin. O acumulo de bens ainda é a via de acesso para o alto status, principalmente quando usado para a compra de títulos de chefia no palácio.
Cada titulo constitui um oficio politico, mas também de responsabilidade ritual. Com efeito, a maior parte dos chefes define seu papel em termos de suas obrigações rituais com o rei.
O palácio é o centro da atividade ritual voltada para o bem estar e prosperidade da nação do Benin. Além das cerimonias religiosas domesticas, das associações e rituais do vilarejo, há um ciclo anual de rituais realizados dentro do espaço palaciano. Alguns são de natureza privada, tais como os sacrifícios que o Obá faz para o seu próprio Ehi, Ugie Ama, ou para a suas Mãos, Ihiekhu.
As outras cerimonias são públicas. Esses rituais solicitam um grande numero de participantes além de tempo e dispêndio de energia. Os materiais usados para o ritual, como animais para sacrifício, presentes e comidas para as oferendas, vem de todo o reino. Alguns vilarejos enviam especialistas para oficiar cerimonias específicas tais como os Ilobi, habitantes de Isi, especializados na preparação de flechas envenenadas, que vem participar no ritual de guerra Isiokuo.
Dentro da capital, associações inteiras organizam-se na participação dessas cerimonias, dentre os quais estão os percussionistas, os escudeiros, os sacerdotes encarregados dos sacrifícios e os distribuidores de animais para imolação. Artesãos de todos os tipos, entalhadores, fundidores, tecelões, fabricantes de artigos de couro, e assim por diante, são aqueles que providenciam os trajes e objetos rituais para serem usados, além de um grande numero de especialistas de Osun responsáveis pelos intrincados preparos mágicos.
Todos esses especialistas possuem áreas de trabalho e estoque dentro do palácio. É uma atividade concentrada. De fato a complexa organização hierárquica dos Edos pode ser comparada a um formigueiro.