O Amarelo é desespero
Azul é a liberdade dos caboclos brasileiros.
“O Caboclo arquétipo da valentia e coragem sobrevive na
memória popular, fixando os valores da nacionalidade e da defesa do patrimônio
nativo”.
A concepção do Caboclo como mito-herói é facilmente
observada na produção do lendário popular, nas práticas dos terreiros de
Candomblés de Caboclo, nas letras dos Sambas de Caboclo e em outras tradições orais
pertinentes à divulgação da imagem do Caboclo como aquele que veio para
defender, lutar e vencer.
Salve Deus
Salve a Pátria
Salve os homens
Salve todos que estão aqui
Salve Deus
Salve a Pátria
Salve os homens
Salve o Caboclo
Que é o dono do Brasil
A ideia de herói é importante para o mito conseguir sua penetração
e real assimilação por parte daqueles que creem e cultuam as divindades da
terra.
Nas mitologias, geralmente encontramos personagens que, para
o povo, ocupam o papel de herói. No Brasil, podemos observar o exemplo de
Xangô, Orixá Iorubano, que passou a representar muitos outros valores além dos
relativos às suas funções de Senhor dos raios e trovoadas.
Sua popularidade, no Brasil, foi tão grande que chegou a
designar formas de culto popular comum no Nordeste, quando os terreiros são
conhecidos por Xangôs, mantendo as práticas africanistas.
Na origem - Nigéria - Xangô foi o terceiro rei da Cidade de
Oió, quando pela valentia de guerreiro deixou no povo sua imagem de defensor e
destemido, tornando-se tema do novelário iorubano, como aquele que foi rei,
virou Orixá, transformando-se em herói para seu povo.
O Caboclo não especifica sua ação heroica como no caso de
Xangô. Acontecimentos históricos, no entanto, serviram para ampliar sua
condição heroica. “A data 2 de julho, na Bahia, apresenta a ação guerreira e
brava do Caboclo que luta pela independência do Brasil".
Meu pai é brasileiro
Minha mãe é brasileira
O qu´eu sou?
Eu sou brasileiro.
O brasileiro
O brasileiro
O brasileiro, imperador
O brasileiro o qu´eu sou?
Brasileiro é sinal que Deus me deu
Nasci no Brasil
Brasileiro sou eu.
por Raul Giovanni da Motta Lody
Publicado em 1977, Ministério da Educação e Cultura,
Departamento de Assuntos Culturais, Fundação Nacional de Arte, Campanha de
Defesa do Folclore Brasileiro (Rio, RJ).
Raul Geovanni da Motta Lody (Rio de Janeiro, 1952), é um
antropólogo, museólogo e professor brasileiro, responsável por vários estudos
na área das religiões afro-brasileiras, sobretudo na Bahia.
Suas principais pesquisas antropológicas e etnológicas
resultaram na publicação do Dicionário de Arte Sacra e Técnicas
Afro-Brasileiras.
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