Tradição do povo Edo
Por ocasião das cerimonias palacianas, o rei e seus chefes
dedicam-se a uma série de preparações materiais e espirituais. Seus trajes são
encomendados ou reformados, preparam-se os amuletos de proteção, e animais são
sacrificados em oferenda para garantir que o ritual seja bem sucedido.
Os beninenses tem uma metáfora segundo a qual “a preparação
para ir a uma cerimonia palaciana é como a preparação para guerra".
Ha inimigos do rei estão de tocaia dentro e fora do reino,
portanto uma das tarefas importantes dos chefes é a de providenciar as
proteções mágicas e aumentar o poder místico do Oba.
Anteriormente, o responsável pela escolha da data desses
rituais era o Aragwa, um chefe que observava qual era o período adequado
conforme as estações do ano e a agricultura.
Era sua função a de coordenar esses dias específicos da
semana Edo de quatro dias, que considerasse apropriada para as cerimonias do
palácio.
O ciclo anual de celebrações é baseado na agricultura,
abrindo e encerrando o período, do plantio à colheita.
As cerimonias concentram-se principalmente na purificação e
no fortalecimento do reino.
Algumas delas nem são mais celebradas.
O ciclo de festejos é aberto com as cerimonias Ikhurhe. É o
tempo de arar a terra e limpar o campo. Isso ocorre durante o mês de março. O
propósito desse ritual é de purificar a terra e garantir a fertilidade para a
safra. Cada agricultor faz sua oferenda aos pés de árvore fundamental
Ikhiinmwi, o altar da terra.
As associações realizam concomitantemente uma purificação
geral da terra como um todo, uma nação.
Sem antes fazer o ritual de refrescamento ou purificação do
solo não se pode realizar nenhum outro evento no palácio.
Em seguida ao Ikhurhe dão se os as celebrações Ugie Ivie (das
contas e Ugie Oro, ambos criados durante o século XVI pelo rei Esigie
rememorando suas grandes batalhas, internas e externas.
A celebração Ugie Ivie evoca o conflito entre Esigie e seu
irmão Aruaran de Udo pela disputa das contas reais de coral, que seriam usadas
para proclamar a capital do reino. Durante essa cerimonia, recolhem-se todas as
contas dos reis, chefes e esposas reais, no altar do palácio em homenagem ao
rei Ewuare, responsável por trazer as contas de coral para o Benin do palácio
de Olokun, sobre as quais se oferecem sacrifícios de sangue. Esse ritual traz poderes
místicos às contas fortificando-as para as cerimonias seguintes. Enquanto o
Ikhurhe prepara e purifica a terra, Ugie Ivie aumenta o poder dessas relíquias
reais, que simbolizam o núcleo a monarquia.
A esta cerimonia segue-se o Ugie Oro. Durante os próximos três
meses, o rei e seus chefes dançam em procissão, esmerando-se na pompa de seus
trajes. Essa celebração é tão atraente que os Edos costumam afirmar: “Se algum
agricultor participar dessa dança esquecerá-se de tomar conta de sua
roça."
Nessa ocasião os chefes dançam em roda batendo no bico de
uma ave de latão com seus cajados para relembrar pássaro que Esigie matou no
caminho ao vencer o povo Igala.