De acordo com as lendas herdadas dos ancestrais (Trowo), o
universo Ewe é comparado a uma cabaça.
Os antigos Ewês acreditavam que o mundo era um grande corpo
feminino formado pelos quatro elementos básicos, terra, fogo, céu e água.
Que a água era gerada pela interação entre os espíritos do
céu e que o fogo fluía da terra.
E que o impulso essencial para liberar esses elementos era o
raio.
Pensava-se que o contato entre o céu e a terra provocava os
raios, que acionavam o impulso básico de qualquer transformação cósmica e
terrena, incluindo o processo do nascimento e da cópula.
Esses conceitos cosmológicos eram expressos frequentemente
no desenho tradicional do ramo real, construído por um único bloco de madeira,
cortado em duas bases e sustentado por cinco colunas em formato de pernas.
Uma base representando a terra, e a outra representando o
céu, as duas colunas frontais simbolizando o fogo e a água e a perna central o
raio.
Esse mesmo conjunto cosmológico também favorecia a
compreensão do conceito Ewe de uma força maior que regulava a fertilidade, as
estações e o próprio tempo.
As antigas origens do sistema solar
Os ancestrais acreditavam que o centro da concentração
cósmica para cada ano estava situado no céu, e consistia de dezesseis estrelas
agrupadas em duplas para formar a constelação de plêiades.
No tempo em que a constelação não estava visível aos olhos
humanos (período de dezesseis dias, após a o nascimento do primeiro ancestral,
toda a natureza perdia seu vigor).
Neste tempo do ano considerava-se inútil, plantar, colher
ervas medicinais, ou celebrar quaisquer ritos de vodu.
A maioria dos Ewes recolhia-se para descansar e a vida
entrava num período letárgico até o reaparecimento da constelação que marcava o
ano novo.
Normalmente esse ano novo era comemorado de imediato, porque
os astros ainda permaneciam escondidos dos olhos humanos.
De acordo com os relatos era difícil enxergar as plêiades a
olho nu durante as manhãs devido a forte umidade e as monções que precipitavam
chuvas durante esse período.
Quando o fenômeno celestial se manifestava durante o
solstício de inverno, os antigos ewes cumpriam seus deveres rotineiros e
trabalhavam com muito mais vigor pela antecipação dessas alegres festividades.
Tempo em que o sol nascia majestosamente no horizonte, e
atravessando todo o céu até a hora do crepúsculo.
Esse fenômeno marcava o momento de celebrar o ano novo.