Cultura tradicional do povo Ewe
Assim, como os nagôs ou iorubas, os jêjes ou ewes, foram
milhares de negros vindos de várias partes da África que aportaram em terras
brasileiras, principalmente na Bahia.
Como esses escravos estavam sempre concentrados, suas
identidades específicas foram reconstituídas ou construídas novamente.
De acordo com o historiador João José Reis, da Universidade
Federal da Bahia, Reis, "Os falantes do ioruba viraram nagôs e os do grupo
gbe (fon, mahi e ewe) viraram jejes".
Na opinião do pesquisador, o reagrupamento dos negros no
Brasil seguiu, sobretudo, a lógica do parentesco linguístico.
A chegada dos ewes no Brasil ocorreu em meados do século
XVII.
Palavra Jeje
“A palavra Jeje vem do ioruba adjeje que significa
estrangeiro, forasteiro”.
Portanto, não existe e nunca existiu nenhuma nação Jeje, em
termos políticos.
O que é chamado de nação Jeje é o candomblé formado pelos
povos fons vindo da região de Daomé e pelos povos Mahins. Jeje era o nome dado
de forma pejorativa pelos iorubas para as pessoas que habitavam o leste, porque
os Mahins eram uma tribo do lado leste e Saluvá ou Savalu eram povos do lado
sul.
O termo Saluvá ou Savalu, na verdade, vem de
"Savê" que era o lugar onde se cultuava Nanã.
Nanã, uma das origens das quais seria Bariba, uma antiga
dinastia originária de um filho de Oduduá, que é o fundador de Savê (tendo
neste caso a ver com os povos fons).
O Abomé ficava no oeste, enquanto Axantes era a tribo do
norte.
Todas essas tribos eram de povos Jeje"
Jeje foi o temo usado para designar os povos conquistados
pelos reis de Daomé.
Esse nome consta em frases usadas pelos nativos para avisar
quando os conquistadores aproximavam-se de uma aldeia:
Pou okan, djedje hum wa! “Olhem, os jejes estão chegando”!
Quando os primeiros daomeanos chegaram ao Brasil como
escravos, seus inimigos daomeanos que já estavam morando aqui gritaram
alarmados:
Pou okan, djedje hum wa! onde o nome Jeje aparece novamente.
Fonte pesquisada:
A origem dos Jejes - Reginaldo Prandi
O grupo linguístico Gbe
São línguas faladas na faixa litorânea que vai desde o Rio
Volta até o oeste da Nigéria, passando por Gana, Benim e Togo.
Com relação a esta parte da Nigéria não se sabe ao certo o
quanto se usa a língua Fon, já que a língua Gun é falada numa parte dessa área,
e sobre a presença do dialeto Phla-Phera.
No Mapa acima podemos ver aproximadamente as áreas aonde se
falam as línguas Gbe.
Os dialetos são classificados em cinco grupos:
Ewe (Ghana, Togo, Benin)
Ewe é a língua nacional e regional no Togo e Gana.
É a língua padrão usada no radio e televisão nos países Gana,
Togo e para os Fon do Benim.
Mina (Togo)
Mina é uma Língua Franca com mais de um milhão de falantes
no Togo e no Benim
Aja (Togo, Benin)
Xwala-Xweda (Benin),
Fon-Gun (Benin, Nigéria)
Fon é uma língua regional no Benim.
Fazem parte desse grupo as línguas:
Ewe - Évé - Elegbe, Fon - Fongbe, Mina - Gen, Aja - Adja,
Phla-Pherá - Xwala-Xweda.
Cultos Jejes no Brasil
Nação Jeje, como é conhecida essa forma de culto, no Brasil,
designa algumas manifestações religiosas.
Os jeje-mahin, do estado da Bahia, e a jeje-mina, do
Maranhão.
Essas tradições derivaram dos povos ewê-fon, ou jejes, como
já eram chamados pelos nagôs, e suas divindades centrais são os voduns.
Seus rituais foram muito importantes na formação dos
candomblés de predominância Ioruba Jeje Mina.
Em 1796, foi fundado no Maranhão o culto Mina Jeje pelos
negros fons vindos de Abomé, a então capital de Daomé.
A família real Fon trouxe consigo o culto de suas divindades
ancestrais, chamados Voduns e, principalmente, o culto a Dan ou o culto da
Serpente Sagrada.
A Casa das Minas que sedia esse culto, localiza-se em São
Luís, no Maranhão.
Nesta casa os cânticos são em língua jeje (Mina-Ewê-Fon) e
onde apenas cultuam-se voduns.
O tambor de mina é o nome popular para referir-se a essa
religião.
Possui características próprias que o diferenciam de outras
manifestações similares, especialmente do candomblé e da umbanda.
O nome tambor de mina deriva de duas fontes
1 - da importância desse instrumento no culto.
2- do Forte de São Jorge da Mina, antigo entreposto de
escravos, na atual República do Gana, de onde muitos escravos foram enviados
para o Brasil.
Os Minas, como são conhecidos os numerosos grupos étnicos
trazidos como escravos para o Maranhão, são citados tantos nas nos documentos
da época, quanto pela memória dos grupos de culto.
São eles, os jejes, nagôs, cabindas, bijagôs, balantas,
nalus, manjaros, mandingas, felupes, tapas ou nupés e outros mais.
Entre os Minas, as tradições Jeje e Nagô aqui no Brasil são
as mais conhecidas.
Das outras citadas acima, há apenas referências esparsas de
grupos já extintos.
Fonte pesquisada;
O culto a divindades africanas no tambor de mina do Maranhão
Sergio F. Ferretti
O Castelo de São Jorge da Mina
Também designado por Castelo da Mina, Feitoria da Mina, e
posteriormente por Fortaleza de São Jorge da Mina, Fortaleza da Mina, ou
simplesmente "Mina", localiza-se na atual cidade de Elmina, no Gana,
no litoral da África Ocidental. Após a sua ocupação pelos Neerlandeses em 1637,
o seu nome passou a figurar na cartografia apenas como Elmina.
com o incremento do tráfico Atlântico de escravos, a
fortificação readquiriu importância como entreposto onde os cativos eram
mantidos a aguardar o seu transporte para o Novo Mundo.
Jeje Mahi
Culto dos Voduns proveniente da região Mahi a noroeste de
Abomé, no Benim.
Os Mahi (Marrí) vivem ao norte de Abomé, na fronteira do
Togo.
Eles estabeleceram a sua própria monarquia ha 1800 anos
atrás, e foram alvo do trafico negreiro no fim do século XIX.
Dentre os daomeanos escravizados e trazidos para o Brasil,
uma mulher chamada Ludovina Pessoa, natural da cidade Mahi, foi escolhida pelos
Voduns para fundar três templos na Bahia.
Ela fundou:
Um templo para Dan; Kwé Cejá Hundé, mais conhecido como a
Roça do Ventura ou Pó Zehen [pó zerrêm] de Jeje Mahi, em Cachoeira e São Felix;
um templo para Heviossô Zoogodo Bogun Male Hundô Terreiro do
Bogum, em Salvador;
e um templo para Ajunsun.