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sexta-feira, 27 de abril de 2012

Osun e Ogun, a matéria vermelha


Religião do povo Edo

Foto
Imagem de Ogun num altar de barro para Olokun, com seu saiote vermelho e as sinetas em volta do pescoço, usadas por sacerdotes em rituais.

Tal como o branco simboliza as qualidades de Osanobua e Olokun e o preto as de Esu e Ogiuwu, o vermelho materializa e expressa a natureza de Ogun e Osun.
Essas divindades estão associadas com atitudes repentinas e violentas, fúria, fogo e sangue.
Osun e Ogun constituem um meio termo entre as qualidades benéficas de Osanobua e Olokun e o potencial maléfico de Esu e Ogiuwu.
De natureza ambivalente no sentido literal da palavra, por serem capazes de infligir tanto a morte instantânea quanto propiciar saúde e riqueza.

Ogun
Ogun, o patrono dos lavradores, artesãos e guerreiros, é concebido tanto através de formas antropomórficas quanto abstratas.
Representa a força abstrata inerente do metal, o poder místico de criar e destruir.
Nessa forma só pode ser simbolizado através de objetos nos quais o poder do metal reside, tais como a espada cerimonial ou cetro de proclama.
Os altares de Ogun consistem em pilhas de metal sucateado tanto isolados quanto fazendo parte essencial de outros altares das divindades Edo.
Em cada altar ele é sempre o primeiro, pois é quem abre os caminhos.
Na tradição oral ele também aparece como sendo filho caçula de Osanobua, enviado para o mundo para desbravar o mato com sua faca e fazer guerras.
Nessa descrição sua imagem pode ser encontrada em altares de barro dedicados a si ou a seu irmão mais velho, Olokun.
Sua representação é a de um guerreiro que veste trajes vermelhos e ostenta armas e ferramentas de suas distintas ocupações.
Não é raro que seus olhos também sejam pintados de vermelho, forma de indicar seu temperamento violento e capacidade de machucar.
Para seus adeptos ele também representa uma proteção e sua espada pode abrir caminhos para uma vida melhor.

Osun
Assim como Ogun em sua forma abstrata, Osun não é uma divindade antropomórfica, mas um poder inerente às ervas e folhas colhidas nas florestas.
Os especialistas, conhecidos por Ebo na língua Edo, possuem o conhecimento de onde encontrar essas plantas e como prepará-las para o uso mágico e medicinal.
Tanto Ogun quanto Osun, estão envolvidos na transformação de matéria prima em instrumentos de poder.
Os Edo acreditam que as feiticeiras operam à noite nas florestas e matas.
Sua sociedade está hierarquicamente dividida em soberanos, chefes, guerreiros e magos, fazendo um paralelo sinistro com a sociedade humana.
Elas se reúnem no topo das árvores na forma de um pássaro maléfico, para tirar a força de suas vítimas para transformá-las em um animal passivo como uma cabra ou antílope para então devorá-los.
Por seu conhecimento da floresta, Osun possui os mesmos poderes que as feiticeiras, mas usa-os para finalidades boas.
Sua ferramenta de poder é um cetro encabeçado por um pássaro e rodeado de outros animais, pássaros, répteis e objetos de uso cotidiano tais como espadas cerimoniais e enxadas.
O panteão do Benin ja foi muito mais complexo, mas o culto de divindades como Obiemwen, a grande mãe, foi sendo esquecido com o tempo.
Ainda ha uma quantidade numerosa de pequenos deuses, e de personagens da formação do Benin, divinizados e cultuados: heróis, magos, e principalmente de vassalos dos Obas Euware e Ozolua.
Dentro desse panteão também figuram os guerreiros rebeldes e as rainhas fugitivas que escaparam de suas cortes para transformar-se em elementos da paisagem como rios, lagos e colinas.