Religião do povo Edo
Foto
Imagem de Ogun num altar de barro para Olokun, com seu
saiote vermelho e as sinetas em volta do pescoço, usadas por sacerdotes em
rituais.
Tal como o branco simboliza as qualidades de Osanobua e
Olokun e o preto as de Esu e Ogiuwu, o vermelho materializa e expressa a
natureza de Ogun e Osun.
Essas divindades estão associadas com atitudes repentinas e
violentas, fúria, fogo e sangue.
Osun e Ogun constituem um meio termo entre as qualidades benéficas
de Osanobua e Olokun e o potencial maléfico de Esu e Ogiuwu.
De natureza ambivalente no sentido literal da palavra, por
serem capazes de infligir tanto a morte instantânea quanto propiciar saúde e
riqueza.
Ogun
Ogun, o patrono dos lavradores, artesãos e guerreiros, é
concebido tanto através de formas antropomórficas quanto abstratas.
Representa a força abstrata inerente do metal, o poder
místico de criar e destruir.
Nessa forma só pode ser simbolizado através de objetos nos
quais o poder do metal reside, tais como a espada cerimonial ou cetro de
proclama.
Os altares de Ogun consistem em pilhas de metal sucateado
tanto isolados quanto fazendo parte essencial de outros altares das divindades
Edo.
Em cada altar ele é sempre o primeiro, pois é quem abre os
caminhos.
Na tradição oral ele também aparece como sendo filho caçula
de Osanobua, enviado para o mundo para desbravar o mato com sua faca e fazer
guerras.
Nessa descrição sua imagem pode ser encontrada em altares de
barro dedicados a si ou a seu irmão mais velho, Olokun.
Sua representação é a de um guerreiro que veste trajes
vermelhos e ostenta armas e ferramentas de suas distintas ocupações.
Não é raro que seus olhos também sejam pintados de vermelho,
forma de indicar seu temperamento violento e capacidade de machucar.
Para seus adeptos ele também representa uma proteção e sua
espada pode abrir caminhos para uma vida melhor.
Osun
Assim como Ogun em sua forma abstrata, Osun não é uma
divindade antropomórfica, mas um poder inerente às ervas e folhas colhidas nas
florestas.
Os especialistas, conhecidos por Ebo na língua Edo, possuem
o conhecimento de onde encontrar essas plantas e como prepará-las para o uso
mágico e medicinal.
Tanto Ogun quanto Osun, estão envolvidos na transformação de
matéria prima em instrumentos de poder.
Os Edo acreditam que as feiticeiras operam à noite nas
florestas e matas.
Sua sociedade está hierarquicamente dividida em soberanos,
chefes, guerreiros e magos, fazendo um paralelo sinistro com a sociedade
humana.
Elas se reúnem no topo das árvores na forma de um pássaro
maléfico, para tirar a força de suas vítimas para transformá-las em um animal
passivo como uma cabra ou antílope para então devorá-los.
Por seu conhecimento da floresta, Osun possui os mesmos
poderes que as feiticeiras, mas usa-os para finalidades boas.
Sua ferramenta de poder é um cetro encabeçado por um pássaro
e rodeado de outros animais, pássaros, répteis e objetos de uso cotidiano tais
como espadas cerimoniais e enxadas.
O panteão do Benin ja foi muito mais complexo, mas o culto
de divindades como Obiemwen, a grande mãe, foi sendo esquecido com o tempo.
Ainda ha uma quantidade numerosa de pequenos deuses, e de
personagens da formação do Benin, divinizados e cultuados: heróis, magos, e
principalmente de vassalos dos Obas Euware e Ozolua.
Dentro desse panteão também figuram os guerreiros rebeldes e
as rainhas fugitivas que escaparam de suas cortes para transformar-se em
elementos da paisagem como rios, lagos e colinas.