Dois terços da população cubana é negra e mestiça.
São descendentes de escravos africanos, que levaram para a
Ilha suas tradições religiosas, que foram passadas para seus descendentes ao
longo da história.
Num estudo feito em 1951 por Fernando Ortiz concluiu-se que
os cubanos possuem quatro sistemas principais de crenças de substrato africano:
Santeria, ou Regra de Ocha- A Regra de Ocha é o culto mais
popular e difundido talvez pelo seu caráter festivo, suas cerimonias, seus
Orixás.
Regra de Palo Monte ou Regra Conga.
Ñañiguismo ou Abakuá (Sociedad Secreta Abakuá) - O sistema
mais fechado e regido por regras mais rígidas é o Ñañiguismo ou abakuá.
A Santeria Regra Arará - A regra Arará é minoritária e a
menos estudada.
Meio século mais tarde das constatações de Fernando Ortiz o
médico Alberto Cutié (2004) diz ainda existirem em Cuba quatro sistemas mágico-
religiosos:
Regra de Ocha ou Santeria
Regra Conga ou Palo Monte
O Espiritismo de Cordón
O Vodú na sua variante cubana
E alguns subsistemas derivados destes.
Cada um destes sistemas tem cosmogonias e práticas rituais
específicas que lhe conferem certa autonomia.
No entanto a sua gênese e desenvolvimento em Cuba resulta da
mistura de escravos de diferentes proveniências, etnias regiões e religiões de
origem conduziram a um processo de mestiçagem cultural e dos sistemas
mágico-religiosos.
Entre estes há alguns traços comuns que poderão denominar-se
sincréticos.
O Vodu foi introduzido em Cuba por imigrantes haitianos
adquirindo aí características próprias.
O Espiritismo de Cordón tem uma origem mais recente.
Surge durante a guerra da independência e é considerado por
alguns investigadores como genuinamente (ou originariamente) cubano porque
surgido nos momentos de cristalização ou formação da nacionalidade.
A situação social originada pela guerra entre 1868 e 1898 em
que os homens de Mambí, contribuíram para seu aparecimento.
Os Mambís ou Mambíses (duas vezes homem), as tropas mambisas
(guerras mambissas travadas durante 30m anos pela independência) e as
populações insurgentes eram massacradas pelas tropas espanholas.
Estes massacres geraram um estado de pânico e de histeria
coletiva das populações que se viravam para a celebração do cordón, no qual os
brancos e os negros se davam as mãos, guiados pelos antigos escravos congos,
para evocar os espíritos, saber por eles a sorte dos familiares em combate e
conhecer o futuro deles mesmos.
Os escravos congos tinham por costume invocar o
recém-falecido de maneira coletiva, como parte dos ritos funerários, a
antipatia dos colonos brancos com o clero espanhol, tornava-os participantes
nas práticas sincréticas e alheados dos templos católicos.
As Regras Conga (Palo Monte) e Ocha (Santeria) parecem
ter-se estruturado desde o início da escravatura em Cuba.
Como outras religiões afro-americanas s sistema de crenças
afro-cubanas resulta da mescla de quatro elementos: as religiões africanas
trazidas pelos escravos (para os Iorubas da atual Nigéria, os Ewes dos atuais
Benin e Togo, para os Bantos, os atuais Republica popular do Congo, Congo,
Angola e, embora em menor escala, Moçambique).
O catolicismo trazido pelos espanhóis e portugueses.
O espiritismo criado por Allan Kardec em meados do século
XIX e rapidamente introduzido na América.
E as crenças dos indígenas índios americanos.
A diferente combinação destes quatro elementos, o predomínio
de um deles sobre os outros devido a particularidades históricas e sociais de
cada país deu origem a uma grande diversidade de variantes regionais:
O Vodu no Haiti.
O Xangô em Trinidad e Granada
O Candomblé na Bahia
E o tambor de Mina no Maranhão.