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quarta-feira, 18 de abril de 2012

Religiões Afro-Cubanas


Dois terços da população cubana é negra e mestiça.
São descendentes de escravos africanos, que levaram para a Ilha suas tradições religiosas, que foram passadas para seus descendentes ao longo da história.
Num estudo feito em 1951 por Fernando Ortiz concluiu-se que os cubanos possuem quatro sistemas principais de crenças de substrato africano:

Santeria, ou Regra de Ocha- A Regra de Ocha é o culto mais popular e difundido talvez pelo seu caráter festivo, suas cerimonias, seus Orixás. 
Regra de Palo Monte ou Regra Conga. 
Ñañiguismo ou Abakuá (Sociedad Secreta Abakuá) - O sistema mais fechado e regido por regras mais rígidas é o Ñañiguismo ou abakuá.
A Santeria Regra Arará - A regra Arará é minoritária e a menos estudada.

Meio século mais tarde das constatações de Fernando Ortiz o médico Alberto Cutié (2004) diz ainda existirem em Cuba quatro sistemas mágico- religiosos:

Regra de Ocha ou Santeria
Regra Conga ou Palo Monte
O Espiritismo de Cordón
O Vodú na sua variante cubana
E alguns subsistemas derivados destes.

Cada um destes sistemas tem cosmogonias e práticas rituais específicas que lhe conferem certa autonomia.
No entanto a sua gênese e desenvolvimento em Cuba resulta da mistura de escravos de diferentes proveniências, etnias regiões e religiões de origem conduziram a um processo de mestiçagem cultural e dos sistemas mágico-religiosos.
Entre estes há alguns traços comuns que poderão denominar-se sincréticos.

O Vodu foi introduzido em Cuba por imigrantes haitianos adquirindo aí características próprias.
O Espiritismo de Cordón tem uma origem mais recente.
Surge durante a guerra da independência e é considerado por alguns investigadores como genuinamente (ou originariamente) cubano porque surgido nos momentos de cristalização ou formação da nacionalidade.
A situação social originada pela guerra entre 1868 e 1898 em que os homens de Mambí, contribuíram para seu aparecimento.
Os Mambís ou Mambíses (duas vezes homem), as tropas mambisas (guerras mambissas travadas durante 30m anos pela independência) e as populações insurgentes eram massacradas pelas tropas espanholas.
Estes massacres geraram um estado de pânico e de histeria coletiva das populações que se viravam para a celebração do cordón, no qual os brancos e os negros se davam as mãos, guiados pelos antigos escravos congos, para evocar os espíritos, saber por eles a sorte dos familiares em combate e conhecer o futuro deles mesmos.
Os escravos congos tinham por costume invocar o recém-falecido de maneira coletiva, como parte dos ritos funerários, a antipatia dos colonos brancos com o clero espanhol, tornava-os participantes nas práticas sincréticas e alheados dos templos católicos.
As Regras Conga (Palo Monte) e Ocha (Santeria) parecem ter-se estruturado desde o início da escravatura em Cuba.
Como outras religiões afro-americanas s sistema de crenças afro-cubanas resulta da mescla de quatro elementos: as religiões africanas trazidas pelos escravos (para os Iorubas da atual Nigéria, os Ewes dos atuais Benin e Togo, para os Bantos, os atuais Republica popular do Congo, Congo, Angola e, embora em menor escala, Moçambique).

O catolicismo trazido pelos espanhóis e portugueses.
O espiritismo criado por Allan Kardec em meados do século XIX e rapidamente introduzido na América.
E as crenças dos indígenas índios americanos.
A diferente combinação destes quatro elementos, o predomínio de um deles sobre os outros devido a particularidades históricas e sociais de cada país deu origem a uma grande diversidade de variantes regionais:

O Vodu no Haiti.
O Xangô em Trinidad e Granada
O Candomblé na Bahia
E o tambor de Mina no Maranhão.