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quarta-feira, 2 de maio de 2012

Salako

Sixteen Cowries - Dezesseis Búzios

Sixteen Cowries foi dedicado à memória de Salako, sacerdote de Orisanla (Orixalá), cuja contribuição foi fundamental para a pesquisa de William Bascom e a realização do livro.
Nos anos 50, Salako, gravou ininterruptamente durante 5 horas e meia todos os versos de Ifá que conhecia num gravador operado por Berta M. Bascom.
Esses textos foram transcritos e traduzidos por Adedeji na Nigéria, que consultou Salako várias vezes, para tirar duvidas sobre algumas passagens.
Já de volta a Illinois, Bascom foi assessorado por dois professores, Nataniel Adibi e M.O. Oyawoye.
Dessas pesquisas resultou o livro Sixteen Cowries, que se tornou um marco para o estudo e aprendizado do Ifá.
O nome completo Salako é Maranoro Salako Omo Gbonka Igana.
Seu primeiro nome significa “Não envie rancor" (Ma ran oro). O segundo é o nome de seu orixá significando "Abra seu pano branco e pendure" (So ala ko) no santuário de Orixalá. É o nome dado aos meninos que nascem enrolados no cordão umbilical (ala oke) e, portanto consagrados a Orixalá e a seu culto. As três ultimas palavras identificam Salako como filho do chefe Gbonka na cidade de Igana.
Salako nasceu em Ile Gbonka, a casa do chefe Gbonka, em Igana por volta de 1880. Logo após o seu nascimento foi levado a um sacerdote de Ifá e seus pés foram colocados sobre a bandeja de adivinhação. O babalaô confirmou-o como filho de Orisanla. Salako foi iniciado para seu culto e aprendeu o jogo de Ifá com seu babalorixá. Levou três anos para aprender como usar os búzios e mais três anos para aprender os versos. Mais tarde aprendeu o uso das folhas e ervas, e só então começou a sua carreira como adivinho. Seu aprendizado continuou por toda a vida, escutando e aprendendo novos versos com outros sacerdotes. Tal como os sacerdotes de Ifá, os de Orixalá também são herbalistas. Eles aprendem como fazer infusões com folhas (omi eró) para purificar seus santuários e objetos rituais e alguns medicamentos, como sabão preparado para o amor (ose awure), e o uso de folhas em geral.
Por volta de 1926 Salako foi para Oyó para ser o adivinho do rei (Alafin). Ele ingressou no templo de Orixalá em 1951, na casa do chefe Ashipà em Isale Oyó. Nessa época ele já estava com setenta anos, conheceu William Bascom.
Anos antes o Alafin converteu-se ao islamismo e muita gente seguiu-o nesse caminho. O único aprendiz de Salako morrera três anos antes, e poucas pessoas vinham a ele para consultar. Ele sentia que não havia mais interesse no conhecimento que havia adquirido durante toda sua vida e que tudo o que havia aprendido estaria condenado ao esquecimento após sua morte.
Três meses após a estadia de Bascom em Oyó, Salako concordou em recitar todos os versos que conhecia para que pudessem ser gravados e desta forma preservados para sempre. Sentou-se diante do gravador, onde falou por cinco horas e meia ininterruptamente. Esse material encontra-se publicado no livro Dezesseis Búzios - Sixteen Cowries com quase oitocentas páginas de reunindo versos divinatórios em ioruba e sua tradução para a língua inglesa.

William Russell Bascom
1912-1981

William R. Bascom nasceu em 1912 em Princeton, Illinois.
Diplomou-se em Física no ano de 1933 na Universidade de Wisconsin, Madison.
Decidiu tomar um rumo diferente em carreira obtendo o mestrado em Antropologia em 1936.
Em 1939, foi o primeiro aluno a receber um Ph.D. em Antropologia na Northwestern University como discípulo de Melville Herskovits.
Publicou Sixteen Cowries: Yoruba Divination from Africa to the New World (1980) Dezesseis búzios: adivinhação ioruba da África para o Novo Mundo (1980).

Ifá Divination, Traduzido - Bascom, William 
Sixteen Cowries - Extratos do livro - Bascom, William 

Sixteen cowries: Yoruba divination from Africa to the New World
Autor William Russell Bascom
Edição reimpressão, ilustrada
Editora Indiana University Press, 1993
ISBN 0253208475, 9780253208477
Num. págs. 790 páginas