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terça-feira, 1 de maio de 2012

Samba de Caboclo - Os instrumentos musicais

A música instrumental presente no Samba de caboclo é característica pela utilização de um conjunto notadamente africano, incluindo instrumentos de motivação indígena. Dessa maneira mesclado e abrangendo duas grandes influências culturais e etnográficas, sobrevive o Samba de Caboclo em sua realidade musical-instrumental que passaremos a estudar:

Atabaques 
o conjunto formado pelo trio de atabaques, comuns nos Candomblés, possuindo encouramento de pele de boi, bordas, aros de ferro e cunhas de madeira, segunda os modelos santos. Esses atabaques são os mais comuns, sendo observados na maioria dos Terreiros afro-brasileiros. Os tamanhos e os nomes de Rum, Rumpi e Lé permanecem.
A percussão dos atabaques para o Samba de Caboclo é feita com as mãos, sem o uso dos agudavis. Os ritmos dos rituais Angola Congo são básicos para as danças dos Sambas de Caboclo. Barravento, Cabula e Congo são alguns dos polirritmos utilizados pelos instrumentistas que adequam essas fórmulas aos tipos de melodias.
Geralmente, os atabaques são pintados nas cores dos Orixás ou são vestidos com Ojás de pano que possuem as cores simbólicas das divindades homenageadas. Nas práticas de Caboclo, o verde-amarelo são as cores representativas e predominantes. Inclusive, vários Terreiros possuem conjuntos distintos de atabaques; aqueles que são exclusivamente utilizados para os Orixás e aqueles que pertencem aos Toques de Caboclo.
Todo o rigor é observado na manutenção dos preceitos voltados à fixação dos elementos mágicos relativos aos atabaques dos Caboclos. Rituais de alimentação, pembas e outros elementos rituais são colocados nos atabaques, objetivando uma boa atuação chamando os Encantados para dançar e entrar em contato com os seus adeptos. Os atabaques são respeitados como importante elo que liga os Encantados aos crentes, por isso as danças sempre são voltadas pra esses instrumentos.
por Raul Giovanni da Motta Lody

Publicado em 1977, Ministério da Educação e Cultura, Departamento de Assuntos Culturais, Fundação Nacional de Arte, Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro (Rio, RJ).
Raul Geovanni da Motta Lody (Rio de Janeiro, 1952), é um antropólogo, museólogo e professor brasileiro, responsável por vários estudos na área das religiões afro-brasileiras, sobretudo na Bahia.
Suas principais pesquisas antropológicas e etnológicas resultaram na publicação do Dicionário de Arte Sacra e Técnicas Afro-Brasileiras.