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terça-feira, 8 de maio de 2012

Songhai - Governo e Administração

África Negra Pré Colonial

Os generais em Songhai não eram necessariamente escravos, podiam ser homens de qualquer classe social. Isso também valia para os serviçais civis. A carreira do El Amin ilustra esse fato. Sob a autoridade de Askia Mohamed ele era apenas um serviçal, um membro do cortejo real, um daqueles que era requisitado para colocar os arreios no cavalo do rei. Aski Ismael promoveu-o a chefe dos peões ou condutor, ele deveres que ele prosseguiu até Askia Daud ascender ao poder, promovendo-o a chefe da cidade de Djenné. Sua trajetória foi vertiginosa, de serviçal a governador de uma das maiores cidades mercantis do Império, literalmente subindo na vida.
As barreiras do sistema de castas previamente estabelecidas, por divisão de trabalho, se haviam parcialmente rompido. Ficamos com a impressão da possibilidade de aspirar-se a qualquer posição obtida pela sorte, intriga ou mérito. É preciso ressaltar que o fundador da dinastia dos Askias, chamado Mohammed o Grande, o Príncipe Crédulo, era apenas um tenente sob a autoridade de Sonni Ali, usurpando o trono de seu filho Bekr Dau (1493). Um conceito importante parece ter dissipado: o da legitimidade. Qualquer líder vitorioso fora legítimo, conforme mostram os fatos: os numerosos golpes de estado através da história de Songhai. O povo reconhecia imediatamente a sua autoridade: e não carregavam rancor contra ele. Nascia deste modo, um novo ramo que se desenvolvia de uma simples casta mais baixa. E ao fim de uma geração havia adquirido tanto prestigio quantos as famílias reais tradicionais. Testemunhamos desse modo o desenvolvimento paralelo de várias dinastias, que por estarem confinadas a determinadas famílias de distinção, tornavam-se rivais. Essa é uma situação idêntica à de Cayor que posteriormente no século dezessete, que deve ter sido herdada de Songhai. A existência da seita Kharejjita deve estar ligada a esses fatos. Esta seita é caracterizada pela recusa de reconhecer qualquer autoridade por todo o Islã, qualquer califa, ou qualquer tipo de papa muçulmano, e também pelo fato de poder elevar ao trono qualquer fiel, por mais modesto que fossem suas origens sociais, colocando-o no posto de rei caso possuísse as qualidades requisitadas para tal. Sonni Ali pertenceu nominalmente a essa seita.


O Império de Songhai

Songhai, império que floresceu na ultima fase do período de islamização da África, por volta do século dezesseis, já não estava tão preso às tradições politicas. Seus costumes lembravam aqueles dos califados de Bagdá e das cortes da Arábia oriental. As mesmas infindáveis intrigas rodeavam o trono. Este império parece ter reconhecido o direito à primogenitura. Mas isso era puramente teórico, pois se o filho mais velho não se mostrasse energético ou levasse desvantagens nas situações, perderia automaticamente o direito ao trono, deixando o poder para algum outro filho do rei (rei=Askia). Ou ainda para alguém que obtivesse o apoio de um alto funcionário.

O livro e o autor - Veja no link abaixo:

Precolonial Black Africa
http://claudio-zeiger.blogspot.com.br/2012/05/africa-negra-pre-colonial.html